Quantos mais “Pedrógãos”?

Quantos mais “Pedrógãos”?

Quantos mais “Pedrógãos”?

, Deputada da IL
28 Junho 2023, Quarta-feira

No dia 17 de junho assinalaram-se seis anos do incêndio de Pedrógão Grande. Uma tragédia que começou em Pedrógão Grande, mas que alastrou aos concelhos de Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Pampilhosa da Serra e Sertã. Um incêndio que acabou por se juntar a outro que começou em Góis, tornando-se no maior e mais mortífero incêndio florestal de que há memória. Uma tragédia que tirou a vida a 66 pessoas, deixou 253 feridas, destruiu cerca de 500 casas – 261 habitações permanentes -, 50 empresas e 53 mil hectares e cujos prejuízos estimados ascenderam aos 500 milhões de euros. Uma tragédia que ficou marcada no pensamento de todos, principalmente, pelas impressionantes e tristes imagens da EN236-1, a “estrada da morte”.
Seis anos depois, com o mesmo primeiro-ministro, com o mesmo partido no Governo, mas, agora, tendo o PS a maioria na AR, preocupa-me quando, em visita a Pedrógão Grande, percebi que estão reunidas todas as condições para que esta tragédia possa voltar a repetir-se. Não apenas porque a limpeza das florestas não foi feita. Não apenas porque as comunicações não funcionam devidamente. Não apenas porque ainda existem habitações por reconstruir. Mas porque, para o Governo, o esquecimento ganhou. Já não há memória do que se passou. E é este o relato que eu, o Rui Rocha e a Catarina Neto, em representação da Iniciativa Liberal, ouvimos da Associação das Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande. As vítimas sentem-se abandonadas. Esquecidas. Tudo está igual. Mas eu diria que não está igual, porque as pessoas com quem falámos perderam familiares e amigos.
Seis anos depois, aquilo que vimos em Pedrógão Grande, é um espelho do que acontece em outros territórios. Se, a montante, ao nível da organização e do ordenamento do território, da gestão da floresta e do seu aproveitamento económico, muito está por fazer, a jusante continuam os problemas da ausência de planeamento, da falta de coordenação antecipada das épocas de incêndios ou da gestão de recursos, como o SIRESP ou a contratação de meios aéreos.
Qualquer pessoa consegue identificar um território próximo em que o risco de incêndio seja elevado e em que estejam reunidas todas as condições para que uma situação semelhante à de Pedrógão Grande se repita. No nosso Distrito, por exemplo, alguém consegue garantir que na Estrada Florestal da Costa da Caparica ou na Serra da Arrábida, tudo se fez, ou que existem todos os meios, para se evitar um grande incêndio? Será que todas as propostas ou elementos preventivos definidos no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios se encontram acautelados?
A este propósito, recordo o incêndio do ano passado, em São João da Caparica, numa área relativamente pequena, que ocupou 115 operacionais, 33 viaturas e três meios aéreos. O acesso às praias esteve condicionado, assim como a saída das pessoas das mesmas, e, se o vento não tivesse mudado de direcção, toda a zona poderia ter ardido por completo, pondo em causa as casas e os parques de campismo próximos. E era aqui que queria chegar. Os parques de campismo da Costa da Caparica, pela sua extensão, dimensão e contiguidade de tendas e roulotes, são, ou deviam ser, por si só, uma preocupação. A Iniciativa Liberal, através do Núcleo de Almada, já fez vários alertas e perguntas sobre a segurança destes espaços, das pessoas e dos seus bens. Até agora, ali, nada se alterou.

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