A tradição da arte tauromáquica em Setúbal remonta desde um passado distante conforme facilmente se pode comprovar através de escritos que se encontram disponíveis no Arquivo Distrital de Setúbal de autoria do historiador João Carlos de Almeida Carvalho, (1817-1897)
Recorrendo a documentos da época, há notícia de corridas de toiros em Setúbal desde 1488 (reinava D. João II). Por escritura pública de 14 de Fevereiro de 1889, foi adjudicada a José Francisco Machado a construção do novo tauródromo de Setúbal (Praça de Toiros Carlos Relvas), pelo preço de 13.140$00 Réis.
O fiador do construtor foi António José Baptista, figura setubalense cujo nome ficou perpetuado no bairro que hoje circunda a Praça de Toiros Carlos Relvas, outrora designada por Príncipe D. Carlos.
Quando a Praça de Toiros foi construída, reinava D. Luís, tendo sido pouco depois aclamado Rei de Portugal D. Carlos, em 28/12/1889.
A Praça de Toiros Carlos Relvas, foi construída em apenas sete meses e inaugurada a 15 de Setembro de 1889.
Contrariando a opinião da maioria dos decisores políticos que desempenham funções na gestão do município de Setúbal, a tauromaquia é uma “arte” a que Setúbal, desde os tempos mais longínquos da sua existência, tem uma profunda “tradição taurina”.
Com o falecimento de Jorge Afonso da Silva Pereira dos Santos, a 25 de Setembro de 2009, proprietário maioritário do imóvel e promotor dos espectáculos tauromáquicos, o município de Setúbal adquiriu o histórico imóvel setubalense, chegando a firmar um contrato de arrendamento do tauródromo, com o promotor de espectáculos tauromáquicos João Pedro Menino Bolota, o que resultou na organização de poucos espectáculos tauromáquicos, sendo a Praça de Toiros Carlos Relvas encerrada com a justificação de que seria para obras.
O facto é que se encontra encerrada há anos, com o natural avanço de um estado de degradação que deixa qualquer cidadão de bom senso apreensivo. Quando solicitada informação sobre a Praça de Toiros Carlos Relvas, as respostas foram sempre evasivas da parte dos actuais proprietários.
Na reunião de Câmara de 16 de Fevereiro de 2022, o presidente da autarquia, ao ser questionado sobre a Praça de Toiros Carlos Relvas, informou estar um gabinete de arquitectura a estudar projectos para a transformação do tauródromo num centro cultural multiusos, que devem estar concluídos num prazo de dois a três meses.
Manifestou o autarca dúvidas quanto à garantia de estabilidade e segurança do imóvel, na sua totalidade ou em parte.
Para a execução do projecto que será aprovado pelo município para a transformação do tauródromo num centro cultural multiusos, revelou ainda uma enorme fragilidade financeira para a sua execução.
Com grande apreensão os aficionados setubalenses têm acompanhado o encerramento e a inevitável degradação da histórica e secular Praça de Toiros Carlos Relvas em Setúbal, após a aquisição pela autarquia setubalense. Sabendo da falta de sensibilidade da autarquia para com a festa dos toiros, teme-se o pior quanto ao futuro do tauródromo setubalense.
O silêncio dos gestores autárquicos sobre o destino que vão dar ao tauródromo é alarmante.
É urgente junto da autarquia setubalense obter uma clarificação sobre o destino do imóvel, património da cidade e, naturalmente, que nesse destino seja contemplada a tauromaquia.
Na defesa da tradição e identidade de um povo, é urgente preservar um património histórico e tauromáquico da cidade de Setúbal, como é a Praça de Toiros Carlos Relvas.
Nenhum cidadão pode ser objecto de qualquer discriminação, nem ser perseguido e privado dos seus direitos por causa das suas convicções.
Na actualidade os cidadãos que gostam e acompanham a cultura tauromáquica sentem-se discriminados e tratados com indiferença, por entidades democraticamente eleitas, que supostamente deviam defender e respeitar a liberdade de escolha de cada cidadão.