Estamos quase todos retidos em casa por causa deste inimigo invisível, insidioso e potencialmente muito perigoso, o famigerado novo coronavírus, que dá origem à doença designada por Covid-19 . Os que não estão de quarentena, são os heróis que cuidam de nós. Desde logo, os profissionais da saúde; médicos, enfermeiros, auxiliares, etc., mas também, bombeiros, forças de segurança, trabalhadores do comércio em geral, da recolha do lixo, motoristas, agricultores e todos os restantes obreiros responsáveis por continuarmos em casa sem que nos falte a luz, a água e a paparoca. Não esquecendo ainda, artistas e o pessoal da informação; televisão, rádio e jornais que também não olham a esforços e arriscam, para nos manterem, como convém, informados e mais animados. A todos, a nossa enorme gratidão.
A nossa contribuição é efetivamente ficarmos em casa, para não sermos infetados e difundirmos o malfadado vírus. Mas, se esta critica situação se prolongar, como infelizmente é previsível por mais umas boas semanas, para espairecer, para não nos passarmos dos carretos, além de umas voltinhas a sós pelas imediações sem dar trela a ninguém ou, se for o caso, a conveniente distância, porque não fazer aquelas arrumações há tanto tempo adiadas ou ler um bom livro? De preferência de autor português. Temos tantos e bons!
Mas isto vai ser prolongado e muito doloroso. Em primeiro lugar, evidentemente, em termos de saúde e de vidas humanas. Depois, o monumental rombo na economia. E com ele, as falências em catadupa e, consequentemente, a brutal subida do desemprego. Tudo isto, podia ser bem menos doloroso se o Serviço Nacional de Saúde tivesse sido muitíssimo melhor preservado. Se não tivessem privatizado, vendido, ao preço da uva mijona, bancos, seguradoras, empresas de telecomunicações, energia, cimentos, etc. Se os sucessivos governos PS ou PSD, não tivessem apostado quase só no turismo e descurado a agricultura, as pescas, enfim, a produção nacional. Hoje, e até depois desta calamidade passar, não estaríamos tanto com o credo na boca. Haveria mais equipamentos de segurança para os profissionais da saúde e não só, e bem mais camas disponíveis em mais hospitais.
Depois temos os exemplos que nos veem de fora, que nos poderão servir de lição. Talvez o maior seja o da China. A primeira grande vítima. Que, com planeamento e meios, já está na curva descendente. E até , numa atitude altruísta de solidariedade, envia para Itália toneladas de material adequado e equipas médicas especializadas. Ao invés, os EUA com os seus aliados a reboque, tendo como alvo principal precisamente a China (e a Rússia), o que envia, é milhares de soldados para a Europa para participarem em grandes exercícios da NATO.
“ Devemos distanciar-nos dos conflitos de baixa intensidade e preparar-nos de novo para a guerra de alta intensidade”, Mark Esper, Secretário de Defesa dos EUA, na Conferência De Segurança de Munique o mês passado.
Como se vê, a sede de domínio e a guerra, podem ser ainda muito mais perigosos que qualquer vírus.