Pensar Setúbal: Vitória Futebol Clube – a deslocação ao Brasil em 1929, o troféu ”Ave Caeser le Victor Salvet” e o seu regresso a casa

Pensar Setúbal: Vitória Futebol Clube – a deslocação ao Brasil em 1929, o troféu ”Ave Caeser le Victor Salvet” e o seu regresso a casa

Pensar Setúbal: Vitória Futebol Clube – a deslocação ao Brasil em 1929, o troféu ”Ave Caeser le Victor Salvet” e o seu regresso a casa

, Professor
8 Março 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Num destes dias, tive conhecimento de uma notícia que me deixou incrédulo, mas não totalmente surpreendido.

O troféu ”Ave Caeser le Victor Salvet”, uma estatueta contendo uma quadriga em bronze com figuras equestres, tinha desaparecido das instalações do Vitória. O antigo dirigente da SAD, Rodolfo Vaz foi quem levou o referido troféu, tendo sido constituído arguido pela PSP de Torres Vedras e sujeito à medida de coacção de termo de identidade e residência.

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Se Rodolfo Vaz o tivesse levado para ser reparado (como alega, segundo o que escreveu no Facebook), existiria todo um conjunto de procedimentos de natureza administrativa, nomeadamente pedido para reparação, autorização respectiva e guia de transporte subsequente.

Tal não aconteceu.

Na sequência destes acontecimentos, Rodolfo Vaz escreveu ainda no Facebook,”Honestamente eu não queria uma estátua velha, que se fosse minha estava no lixo”.

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Após uma frase “lapidar” deste calibre, não é necessário acrescentar mais nada. Estamos basicamente esclarecidos.

Embora todos tenhamos direito à presunção jurídica da inocência, este caso concreto configura claramente um furto; mas o mais grave não é Rodolfo Vaz em si mesmo, mas sim quem o trouxe para cá e quem o manteve: Vítor Hugo Valente.

Com Paulo Gomes foi iniciado o processo que culminou com a denúncia do desaparecimento do troféu.

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Vamos ao que interessa. A história associada à sua conquista, que constitui mais uma página de ouro na história centenária do Vitória Futebol Clube.

Consultando “o” livro de referência para todos os vitorianos intitulado “Vitória, do Nascimento à Glória”, da autoria desse grande setubalense e vitoriano que é José Madureira Lopes, recordamos que em 1929, o Vitória deslocou-se ao Brasil, numa digressão que durou três meses.

O honroso convite para a deslocação ao Brasil surgiu, dado o prestígio alcançado pelo Vitória Futebol Clube em Portugal, na década de vinte, nomeadamente com a conquista do Campeonato Regional de Lisboa, em 1923/1924 e 1926/1927.

A equipa do Vitória era constituída por João dos Santos e Armando Martins (ambos internacionais olímpicos), Artur Augusto “Camolas”, Joaquim Ferreira, Francisco Silva “Caramelo”, Augusto José, António Palhinhas, Matias Carlos, Eduardo Augusto, Domingos das Neves e Francisco Santos “Nazaré”.

Nessa digressão, o Vitória realizou jogos em S. Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, defrontando equipas tais como a Selecção de S. Paulo, Selecção “A” do Rio de Janeiro, ADA, América, Atlético Paulistano, Santos Futebol Clube e Clube Atlético Mineiro.

O Vitória venceu os troféus “S. Paulo”, “Glória ao Vencedor” e ”Ave Caeser le Victor Salvet”.
O que me parece óbvio e que toda esta lamentável situação veio acentuar, é a absoluta necessidade de fotografar, catalogar, organizar e colocar todos os troféus conquistados na futura Sala de Troféus Josué Monteiro, com os destaques que merecem, agregando a esta, a actual Sala de Imprensa. Fica aqui a sugestão.

Disponibilizo-me desde já para dar a minha contribuição nesse sentido, caso os actuais órgãos sociais entendam oportuno.

Quanto à digressão ao Brasil, contribuiu decisivamente para que o Vitória Futebol Clube seja considerado um dos mais prestigiados clubes portugueses.

Nestes tempos conturbados em que andamos à procura de nós próprios, convém não nos esquecermos disso.

 

 

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