Num destes dias, tive conhecimento de uma notícia que me deixou incrédulo, mas não totalmente surpreendido.
O troféu ”Ave Caeser le Victor Salvet”, uma estatueta contendo uma quadriga em bronze com figuras equestres, tinha desaparecido das instalações do Vitória. O antigo dirigente da SAD, Rodolfo Vaz foi quem levou o referido troféu, tendo sido constituído arguido pela PSP de Torres Vedras e sujeito à medida de coacção de termo de identidade e residência.
Se Rodolfo Vaz o tivesse levado para ser reparado (como alega, segundo o que escreveu no Facebook), existiria todo um conjunto de procedimentos de natureza administrativa, nomeadamente pedido para reparação, autorização respectiva e guia de transporte subsequente.
Tal não aconteceu.
Na sequência destes acontecimentos, Rodolfo Vaz escreveu ainda no Facebook,”Honestamente eu não queria uma estátua velha, que se fosse minha estava no lixo”.
Após uma frase “lapidar” deste calibre, não é necessário acrescentar mais nada. Estamos basicamente esclarecidos.
Embora todos tenhamos direito à presunção jurídica da inocência, este caso concreto configura claramente um furto; mas o mais grave não é Rodolfo Vaz em si mesmo, mas sim quem o trouxe para cá e quem o manteve: Vítor Hugo Valente.
Com Paulo Gomes foi iniciado o processo que culminou com a denúncia do desaparecimento do troféu.
Vamos ao que interessa. A história associada à sua conquista, que constitui mais uma página de ouro na história centenária do Vitória Futebol Clube.
Consultando “o” livro de referência para todos os vitorianos intitulado “Vitória, do Nascimento à Glória”, da autoria desse grande setubalense e vitoriano que é José Madureira Lopes, recordamos que em 1929, o Vitória deslocou-se ao Brasil, numa digressão que durou três meses.
O honroso convite para a deslocação ao Brasil surgiu, dado o prestígio alcançado pelo Vitória Futebol Clube em Portugal, na década de vinte, nomeadamente com a conquista do Campeonato Regional de Lisboa, em 1923/1924 e 1926/1927.
A equipa do Vitória era constituída por João dos Santos e Armando Martins (ambos internacionais olímpicos), Artur Augusto “Camolas”, Joaquim Ferreira, Francisco Silva “Caramelo”, Augusto José, António Palhinhas, Matias Carlos, Eduardo Augusto, Domingos das Neves e Francisco Santos “Nazaré”.
Nessa digressão, o Vitória realizou jogos em S. Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, defrontando equipas tais como a Selecção de S. Paulo, Selecção “A” do Rio de Janeiro, ADA, América, Atlético Paulistano, Santos Futebol Clube e Clube Atlético Mineiro.
O Vitória venceu os troféus “S. Paulo”, “Glória ao Vencedor” e ”Ave Caeser le Victor Salvet”.
O que me parece óbvio e que toda esta lamentável situação veio acentuar, é a absoluta necessidade de fotografar, catalogar, organizar e colocar todos os troféus conquistados na futura Sala de Troféus Josué Monteiro, com os destaques que merecem, agregando a esta, a actual Sala de Imprensa. Fica aqui a sugestão.
Disponibilizo-me desde já para dar a minha contribuição nesse sentido, caso os actuais órgãos sociais entendam oportuno.
Quanto à digressão ao Brasil, contribuiu decisivamente para que o Vitória Futebol Clube seja considerado um dos mais prestigiados clubes portugueses.
Nestes tempos conturbados em que andamos à procura de nós próprios, convém não nos esquecermos disso.