PENSAR SETÚBAL: Setúbal é que é

PENSAR SETÚBAL: Setúbal é que é

PENSAR SETÚBAL: Setúbal é que é

, Professor
12 Julho 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

A parte principal desta crónica é da autoria do jornalista Miguel Esteves Cardoso, no magnífico artigo que escreveu na edição do jornal Público, no seu espaço habitual “Ainda Ontem”, de 8 de Julho passado, com o título “Setúbal é que é” e que eu aqui transcrevo na íntegra, com a devida vénia:

Estou a apaixonar-me por Setúbal há 60 anos – mas só nos últimos 30 anos é que a coisa se agravou. Quando ia com os meus pais, a paixão de por Setúbal não era minha – era deles. Mas alguma coisa se infiltrou pelos meus olhos meninos, durante aqueles almoços ao ar livre, quando me estavam a ensinar a comer peixe.

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 Só nos últimos dias, graças a circunstâncias felizes que me levaram a Setúbal várias vezes, é que me dei conta que era amor e que já não havia nada a fazer. Para mim, é uma revolução apaixonar-me agora por Setúbal, quando eu já tinha o coração configurado.

 Até aqui, tenho vivido alegremente no meu triângulo das Bermudas: os três sítios que amo, onde me sinto à vontade para andar de bermudas, de pernas ao léu: Lisboa, Cascais e Sintra.

A paixão por Setúbal rouba-me essa piada barata e introduz a figura do quadrilátero. É mais quadrada, mas quero lá saber: Lisboa, Cascais, Sintra e Setúbal. Não é só Setúbal, a cidade e a gente, a maneira de conviver e a graça, a honestidade e o civismo. É também tudo o que tem à volta. Para além da Arrábida e de Tróia – como se fosse preciso mais – há tantas praias e aldeias, tantas paisagens e surpresas, que o único problema para um andarilho é nunca mais parar quieto e não poder ver assim a beleza mais de uma vez.

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A vantagem de pertencer ao quadrilátero é que não é nenhum bico-de-obra saltar de aresta para aresta: de Setúbal a Cascais ou Sintra são dois ou três pulinhos, com a vantagem imensa do primeiro pulinho ser Lisboa.

 Depois há a pequena questão dos almoços e jantares. Em Lisboa, Cascais e Sintra, é cada vez mais difícil – e caro – comer bem. Mas em Setúbal é preciso muito azar e muita dedicação para comer mal. Pelo menos por enquanto, não é?”

 Meu caro Miguel Esteves Cardoso. O senhor é um excelente cronista; escreve divinalmente, com um sentido de humor, uma acutilância, mas ao mesmo tempo uma inocência e uma genuinidade que se detecta e se aprecia imediatamente nos seus escritos.

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Acompanho e leio regularmente as suas reflexões. Não conhecia, ou pelo menos não tinha dado por isso, essa sua paixão por Setúbal, que lhe foi sendo incutida (e muito bem, observe-se!!!) pelos senhores seus pais.

Indiscutivelmente, gente de bom gosto.

Sem pretender naturalmente imiscuir-me na sua vida privada, permita-me, contudo, que lhe faça uma sugestão; para que o tal quadrilátero fique completo e muito mais consistente, que tal adquirir uma habitação por estas bandas?

Com uma habitação em Setúbal, poderia confirmar ulteriormente a beleza de toda esta região, o nosso carácter genuíno, a simpatia e o acolhimento com que recebemos os forasteiros e como os integramos na nossa matriz, as nossas expressões belas, fascinantes e apelativas, carregadas de érres, a cada vez maior diversidade cultural, com eventos diversos, tais como música, concertos, orquestras, coros, teatro, os programas do Fórum Luísa Todi, o Convento de Jesus, o Castelo de S. Filipe, com aquela vista de cortar a respiração, a excelência da gastronomia, o incomparável Mercado do Livramento, onde seguramente irá ficar maravilhado com tanta qualidade e diversidade.

Com o passar do tempo, ainda iremos fazê-lo sócio do Vitória Futebol Clube.

Venha daí.

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