PENSAR SETÚBAL: Os trinta anos da queda do Muro de Berlim

PENSAR SETÚBAL: Os trinta anos da queda do Muro de Berlim

PENSAR SETÚBAL: Os trinta anos da queda do Muro de Berlim

, Professor
8 Junho 2020, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

“De Stettin, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma Cortina de Ferro desceu sobre o continente. Atrás dessa linha estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sófia; todas essas cidades famosas e as populações em torno delas estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não somente à influência soviética, mas também a fortes e em certos casos crescentes medidas de controlo de Moscovo.”

Winston Churchill, 1946

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Nestes tempos pandémicos, assinala-se um evento histórico de grande importância e que é a passagem dos 30 anos sobre a queda do Muro de Berlim.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, que agora se assinalam os 75 anos, uma nova ordem mundial foi imediatamente estabelecida, com duas superpotências confrontantes, os Estados Unidos e a antiga União Soviética, onde surgiram duas Alemanhas: a República Federal da Alemanha (RFA), de inspiração democrática e a República Democrática da Alemanha (RDA), de inspiração comunista.

Para lá da Cortina de Ferro, ficaram Polónia, Checoslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Albânia, Jugoslávia, RDA, e todos os territórios pertencentes à antiga União Soviética.

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Como a situação de Berlim era sui generis, com Berlim Ocidental, pertencendo formalmente à RFA, mas situada geograficamente em pleno coração da RDA, uma série de problemas foram progressivamente surgindo, na última metade dos anos 40 e principalmente, nos anos 50.

Ao iniciar-se a década de 60, cerca de cinquenta mil pessoas atravessavam diariamente a zona oriental para a zona ocidental da cidade, para trabalharem nas empresas mais numerosas e modernas, instaladas nesta última, regressando depois aos bairros orientais, devido, em grande parte, às rendas serem mais baratas.

A esta situação, acresciam ainda o problema do abastecimento e a circulação de duas moedas, as diferenças na reconstrução da cidade, o nível de vida que se foi progressivamente acentuando, muito mais desenvolvido no lado ocidental, etc.

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Tal situação era considerada intolerável e inquietante para as autoridades comunistas alemãs de Leste.

A marcha florescente do enclave capitalista em pleno coração do mundo sovietizado era perfeitamente inaceitável, não só para a legitimidade da RDA, mas também para o prestígio da União Soviética.

E assim, em Agosto de 1961, de forma totalmente inesperada, Walter Ulbricht, principal dirigente da RDA, anunciou o encerramento das fronteiras entre as duas zonas de Berlim e a construção do muro.

O Muro de Berlim era construído por uma parede grossa em cimento armado, com um interior reforçado por cabos de aço para aumentar a sua resistência, com uma altura de cerca 4 metros. Na parte superior, colocaram uma superfície semiesférica para diminuir a aderência de quem pretendia escapar.

Acompanhando os 43 Km do muro, do lado oriental, foi criada a chamada “faixa da morte”, formada por um fosso, um terreno minado, e por uma faixa de terreno, na qual circulavam constantemente veículos militares, sistemas de alarme, patrulhas munidas de armas automáticas, cães e torres de vigilância.

Todavia, entre 1961 e 1989, mais de 5.000 pessoas tentaram cruzar o muro e mais de 3.000 foram detidas, tendo 200 pessoas morrido.

A 9 de Novembro de 1989, na sequência de toda uma série de acontecimentos históricos perfeitamente inesperados, ocorreu o derrube físico e metafórico do muro, simbolizando o fim da divisão de Berlim e o fim das ditaduras comunistas, vigentes para lá da Cortina de Ferro.

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