No mês de Outubro de 2017, o maestro Jorge Salgueiro assumiu a direcção artística do Coro Setúbal Voz.
A partir dessa altura, Jorge Salgueiro foi progressivamente introduzindo um novo conceito de coro ao qual ninguém estava à espera e muito menos habituado.
O Coro evoluiu para uma sistematização e aprofundamento de um modus operandi, uma determinada tipologia de linguagem artística, através de um conceito radical, inovador, singular, desconcertante e apaixonante, com um novo dimensionamento espacial.
Quem se encontra presente de corpo e alma neste projecto, como é o caso de todo este grupo, não podemos deixar de expressar a mais profunda alegria e regozijo com que almejamos construir juntos e consubstanciar uma forma de Arte diferente.
O Coro Setúbal Voz caminha por veredas completamente distintas daquelas a que estávamos habituados, evidenciando uma ousadia musical inspiradora e precursora de novas experiências, colocando o acento tónico num novo paradigma e uma nova aproximação do público à música erudita contemporânea. O sonho de fazer Arte e conseguir ir mais além.
Muitos de nós que durante anos a fio, habituados a uma forma clássica de estar em palco, caracterizada por uma acentuada inexpressividade e imobilidade corporais, fomos confrontados com formas diferentes de utilizar a mente, a voz, o corpo, os conceitos musicais, bem como atitudes e posturas em palco que se afastam definitivamente dos coros tradicionais a que estamos habituados.
Esta forma claramente diferente de fazer Arte, por ser inovadora, pode não ser imediatamente compreendida e assimilada, não tanto a nível pessoal, pelo público que se vai progressivamente rendendo à qualidade imensa desta colectividade setubalense, mas sobretudo a nível institucional.
Temo-nos regularmente confrontado com alguns atavismos, alguma falta de entendimento, receios, cautelas, entraves, dificuldades diversas e muitas vezes inesperadas.
É muito importante salientar que tais constrangimentos detectados por nós, não nos são colocados pelos diversos interlocutores, de forma deliberada e intencional.
Não é nessa dimensão que existem as dificuldades. Tem, sobretudo, a ver com alguma compreensível dificuldade de percepção, na abordagem do plano de acção estratégico e artístico do Coro Setúbal Voz.
Por exemplo, as escolhas dos espaços de actuação e de gravação, são também eles surpreendentes pela ousadia e um dos traços marcantes que caracteriza a linguagem do Coro Setúbal Voz. Espaços não convencionais e/ou inesperados. Na forma e no conteúdo.
Os videoclipes entretanto realizados, tendo como pano de fundo a Arrábida (Musa Ensina-me o Canto) e a Zona Ribeirinha (Ah! Minha Dinamene), são uma prova do que acabei de salientar.
Compete-nos sobretudo a nós, através da nossa dimensão, da qualidade do nosso repertório e da coerência das nossas actuações, procurarmos ir progressivamente alterando as percepções e consequentemente, a receptividade institucional.
A ousadia musical e interpretativa, quando alicerçada numa filosofia própria e coerente, rompe barreiras, esbate atavismos e proporciona-nos entrar em dimensões artísticas completamente diferentes e desconhecidas. Novos horizontes que se perfilam.
Quanto a nós, membros integrantes deste projecto do Coro Setúbal Voz, estamos unidos pela música, pela alegria, pela amizade e pelo afecto.