27 Junho 2024, Quinta-feira

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Pensar Setúbal: Os cem anos do PCP (2ª Parte)

Pensar Setúbal: Os cem anos do PCP (2ª Parte)

Pensar Setúbal: Os cem anos do PCP (2ª Parte)

, Professor
29 Março 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Concluem-se hoje duas crónicas sobre os 100 anos da fundação do Partido Comunista Português (PCP), em que reflecti sobre o percurso nacional. Vamos agora ao panorama internacional, indissociável do primeiro.

O século XX foi uma época de grandes convulsões sociais e políticas, onde emergiram duas ideologias totalitárias: o Fascismo (e o Nazismo) e o Comunismo.

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Se consultarmos os livros de História, gerais e escolares, bem como programas diversos na televisão, jornais e revistas, constatamos duas abordagens distintas, que se traduzem numa denúncia dos crimes do Fascismo e do Nazismo e uma ocultação dos crimes do Comunismo.

E essa ocultação recorrente constitui a parte mais perigosa do Comunismo.

Toda a gente conhece o Holocausto; quase ninguém sabe o que é o Holodomor.

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O Holodomor é o nome que se dá aos acontecimentos ocorridos na Ucrânia entre 1932 e 1933, com a colectivização forçada por ordem de Estaline e que provocou a morte pela fome a cerca 7 milhões de pessoas, gerando situações de canibalismo.

Na época de Estaline, foram mortas na União Soviética cerca de vinte milhões de pessoas.

Na China, com Mao, a Revolução Cultural e o Grande Salto em Frente, atingiu-se o valor de cerca quarenta milhões de mortos, com a ocorrência de idênticas situações de canibalismo, todas  historicamente documentadas.

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Enquanto tudo isto ocorria, no Ocidente existia toda uma esquerda europeia, bem como alguns intelectuais, tais como Jean Paul Sartre, Gabriel Garcia Marquez, Pablo Picasso, Pier Paolo Pasolini, Pablo Neruda, Octávio Paz (numa primeira fase), que se sentiam fascinados e seduzidos com o carácter supostamente igualitário das sociedades comunistas.

Nos anos 50 e 60, ocorreram revoltas populares na Hungria e na Checoslováquia, prontamente esmagadas pelos tanques soviéticos; mesmo assim havia muita gente que se recusava a constatar a repressão impiedosa existente para lá da ”Cortina de Ferro”.

A construção do Muro de Berlim, em 1961, pela ex-RDA, a fim de evitar a fuga massiva dos seus cidadãos para o Ocidente, era um claro indício nesse sentido.

Até que surgiu Alexandre Soljenitsine.

Em 1945, Soljenitsine escreveu uma carta a um amigo, onde estavam escritas algumas palavras contra Estaline, tendo tal carta provocado a sua prisão. Na altura, Soljenitsine era capitão do Exército Vermelho, com 27 anos.

Durante os oito anos de degredo (1946-1954) numa longínqua aldeia soviética, permitiu-lhe conhecer muitas pessoas que estavam nas suas  idênticas condições.

Escreveu vários livros e aquela que viria a ser a sua obra-prima, O Arquipélago de Gulag, livro mundialmente famoso, onde retratava as condições miseráveis, inumanas e ignóbeis em que viviam os prisioneiros e deportados pelo regime comunista soviético.

Soljenitsine recebeu em 1970, o Prémio Nobel da Literatura.

Nos anos 70, no Cambodja, com a chegada de Pol Pot ao poder e os seus famigerados kmers vermelhos, assistiu-se a um verdadeiro genocídio. Em apenas três anos (1975–1978), um quarto da população do Cambodja (quase 2 milhões de vítimas, homens mulheres e crianças) foi assassinada nos famigerados “campos da morte”.

A marca que os kmers vermelhos deixaram na História é inteiramente feita de sangue.

Contudo, Pol Pot nunca chegou a ser julgado por genocídio, como também não o foi Mao. Nem Estaline. Nem a dinastia Kim da Coreia do Norte, no poder desde 1948.

Nada disto vem mencionado nos livros escolares de História.

No fim dos anos 80, com a queda simbólica do Muro de Berlim, desagregou-se quase definitivamente o edifício comunista, por implosão.

O Comunismo assenta em vários pilares estruturais e que são: o culto da personalidade dos seus dirigentes, a ausência de liberdade, a repressão, a polícia política, a utilização massiva das prisões, a colectivização forçada, a destruição das sociedades civis, o genocídio.

Os maiores ditadores e criminosos do século XX e XXI foram, e são, entre outros, comunistas tais como: Estaline, Mao, Pol Pot, Nicolai Ceausescu, Enver Hohxa, Fidel Castro, Walter Ulbrich, Erich Honecker, Menghistu Hailé Mariam, Lavrenti Béria, Agostinho Neto, Slobodan Milosevic, Radovan Karasic, Ratko Mladic, Kim II Sung, Kim Jong II, Kim Jong Un, Daniel Ortega, etc.

Tal como com o Fascismo e o Nazismo, também com o Comunismo, a Humanidade atingiu um dos seus pontos mais baixos.

O PCP é um dos herdeiros de todo este universo.

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