28 Junho 2024, Sexta-feira

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PENSAR SETÚBAL: Os cem anos do PCP (1ªParte)

PENSAR SETÚBAL: Os cem anos do PCP (1ªParte)

PENSAR SETÚBAL: Os cem anos do PCP (1ªParte)

, Professor
22 Março 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Este ano de 2021 assinala a passagem dos cem anos da   fundação do Partido Comunista Português (PCP).

Pela relevância histórica do acontecimento, pela resiliência e longevidade do PCP, nomeadamente se compararmos com o naufrágio colectivo dos partidos e regimes comunistas um pouco por todo o Mundo, esta efeméride merece-nos uma atenção acrescida.

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Em 1917, deu-se a revolução bolchevique, precursora de uma das ideologias políticas que atravessou praticamente todo o século XX: o Comunismo. Em 1921, era fundado o PCP.

Em Portugal, principalmente a partir de 1931, assistiu-se à progressiva consolidação de uma ditadura de matriz ideológica fascista, o Estado Novo, decalcada da personalidade autocrática de Salazar.

Durante cinco décadas, o único partido existente era o PCP.

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O PS somente seria fundado em 1973 e o PSD e o CDS após o 25 de Abril de 1974.

Durante todo este tempo, foram sobretudo os comunistas aqueles que sofreram directamente na pele, a repressão do Estado Novo, com elevados custos pessoais, profissionais e familiares. Isso era realizado principalmente através da sua polícia política, a PVDE, mais tarde rebaptizada de PIDE, apoiada numa vasta rede de informadores que condicionava a população e prendia os opositores, servindo as prisões do Aljube, Caxias, Peniche, Porto e Lisboa para prender, torturar e assassinar.

O pior de todos era o campo de concentração do Tarrafal, localizado em Cabo Verde, onde as condições eram particularmente brutais e ignóbeis, responsável por cerca quatro dezenas de mortos. Bento Gonçalves, o segundo secretário-geral do PCP, faleceu nesse local.

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Com o 25 de Abril de 1974, os comunistas eram aqueles que detinham supostamente maior autoridade moral para falarem de Democracia e Liberdade, uma vez que foram principalmente eles que confrontaram corajosamente o Estado Novo.

Contudo, o PCP alcançou o terceiro lugar nas primeiras e o quarto lugar nas segundas Eleições Legislativas, atrás do PS, PSD e CDS.

A liberdade conquistada após o 25 de Abril, seguiu para uma deriva revolucionária, que culminou no 11 de Março de 1975, com a tomada do poder pelos comunistas, com o apoio dos militares.

E aí começaram imediatamente a implementar as linhas orientadoras do seu programa: As nacionalizações, a reforma agrária, a libertação das colónias, o controlo da imprensa, o forte condicionamento da sociedade civil.

Toda a estrutura social e o tecido empresarial tremeram, tendo culminado com a vinda precipitada e criminosa (porque planeada de forma deliberada e intencional), de cerca 700 mil refugiados das ex-colónias, eufemisticamente designada por “descolonização exemplar” e que, tudo conjugado, teve consequências desastrosas.

A 6 de Junho de 1975, em pleno “Verão Quente”, Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, concedeu uma longa, importante e fundamental entrevista à conceituada jornalista italiana Oriana Fallaci, onde definiu as principais ideias estruturantes do cardápio comunista: “Portugal já não tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo das que vocês têm na Europa ocidental (…)Garanto-lhe que em Portugal não haverá um parlamento (…). Não queremos uma democracia como a vossa (…). Portugal não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios.

Estas foram algumas das frases proferidas, retiradas de uma entrevista global, cujo conteúdo recomendo vivamente a sua leitura integral.

O domínio do PCP terminou com o 25 de Novembro de 1975.  Contudo, os seus efeitos fizeram-se sentir durante anos.

O PCP foi lenta, mas progressivamente perdendo peso eleitoral, que se acentuou com os acontecimentos que culminaram simbolicamente com a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Entre as Eleições Legislativas de 1887 e as de 1991, a CDU perdeu cerca de metade dos seus deputados, passando de 31 para somente 17. Actualmente possui 12 deputados.

Todavia, mantém ainda um considerável peso autárquico, em virtude dos seus autarcas normalmente serem pessoas sérias e honestas, não estando envolvidos em situações de corrupção.

E um exemplo paradigmático disso mesmo é Francisco Lobo.

 

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