Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974(Parte XXVI): Vitória Futebol Clube

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974(Parte XXVI): Vitória Futebol Clube

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974(Parte XXVI): Vitória Futebol Clube

, Professor
21 Outubro 2024, Segunda-feira
Professor

“Está decidido. Vou-me fazer sócio do Vitória. É impossível resistir a este amor incondicional. Mesmo quando se perdeu tudo, há ainda este orgulho. Isto é de instituição grande. Isto é de gente grande. Isto é de cidade grande. Até nos juniores vou torcer pelo Vitória, até contra o meu Sporting”

José Eduardo Barroso, amigo e colega de
Universidade; sócio do Sporting há 64 anos

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Nestes cinquenta anos sobre o 25 de Abril, não podia deixar de falar de um dos meus amores maiores: O meu querido e Enorme Vitória.
Se a evolução da sociedade portuguesa, ao longo destes 50 anos, foi altamente satisfatória, com o Vitória Futebol Clube (com algumas honrosas excepções), o caminho foi o inverso.
Desde 1962 até ao 25 de Abril de 1974, o Vitória teve a sua época de ouro.
Em 1962, foi inaugurado o Estádio do Bonfim, com capacidade para 35.000 lugares, tendo sido na altura um dos mais modernos e mais bonitos estádios portugueses a ser construído. Com a sua edificação, o Vitória passou a ter uma outra dimensão, tendo-se estreado logo nesse ano, nas competições europeias.
Nesses tempos, Vitória atinge por quatro vezes consecutivas (num total de dez) a final da Taça de Portugal, vencendo o galardão por duas vezes: 1965 e 1967.
Em 1968, a conceituada revista “France Football” na classificação que efectuava regularmente, incluía o Vitória Futebol Clube entre os doze clubes mais importantes e categorizados na Europa.
Nesses anos de ouro, participa activamente nas competições internacionais, com três presenças na Taça das Taças e doze presenças na Taça das Feiras/UEFA contribuindo para que o Vitória Futebol Clube seja um dos clubes com melhor palmarés do futebol português.
Vice-campeão nacional, vencedor de duas Taças de Portugal, Taça Teresa Herrera, Mini-Copa do Mundo, dois Troféus Ibéricos, três Taças Ribeiro dos Reis, entre outros, dezenas de participações em competições europeias.
O Vitória eliminou equipas tais como o Liverpool, Leeds United, Inter de Milão, Fiorentina, Spartak de Moscovo, Anderlecht, Lyon, Rapid Bucareste, Hajduk Split, entre muitas outras.
Tendo sido o 25 de Abril extremamente importante para o surgimento da Democracia em Portugal, aqui para as nossas bandas do Distrito de Setúbal, na altura do PREC, verificaram-se demasiadas convulsões sociais, económicas e políticas, com um conjunto de políticas desastrosas que se lhe seguiram.
Seria o 25 de Novembro de 1975 a terminar com todo esse desvario revolucionário.
Todavia, a nossa região de Setúbal foi das mais flageladas; o tecido empresarial tremeu, o investimento ressentiu-se, a geração de emprego e de riqueza ficou comprometida.
Actualmente ainda andamos a correr atrás do prejuízo.
Quanto ao Vitória, deixou de imediato de participar nas competições europeias, mantendo-se, no entanto, um clube estável.
Contudo, ao longo das sucessivas décadas, as descidas de divisão começaram a ser regulares e a instabilidade instalou-se.
Principalmente a partir de 1995, a maioria das direcções do Vitória alternaram entre a incapacidade, a incompetência e a delapidação deliberada dos recursos existentes.
Mais uma vez, somos outra vez notícia de abertura de telejornal, sempre pelos piores motivos. Negócios obscuros.
A Taça de Portugal, a Supertaça Ibérica de 2005 e a 1ª Taça da Liga de 2008, foram as honrosas e saborosas excepções, num mar de derrotas e desolação.
Progressivamente, a bússola desportiva começou a apontar para Norte, onde existe um tecido empresarial consistente e diversificado, com a consequente geração de riqueza.
Ao longo das últimas cinco décadas, o nosso Distrito de Setúbal foi aquele que mais peso perdeu no mapa do futebol, tendo chegado a ter seis clubes na 1ª Liga: Vitória, CUF, Barreirense, Montijo, Amora e Seixal.
Actualmente, nem um.
Se olharmos para a geografia actual da 1ª Liga, ficamos logo esclarecidos. Entre o Douro Litoral e o Baixo Minho existem dez clubes: Porto, Boavista, Guimarães, Braga, Moreirense, Gil Vicente, Aves SAD, Rio Ave e Famalicão. Arouca está um pouco mais afastado, mas pertence ao mesmo contexto.
Mais de metade da 1ª Liga, numa área cujas localidades distam no máximo 50 Km entre si, com os óbvios benefícios sociais, económicos, desportivos e políticos que daí advém, para toda uma região.
Tudo isto não acontece por acaso.
Seja como for, onde quer que esteja, eu sou um Vitoriano com muito orgulho.
Falar no Vitória Futebol Clube é dissertar sobre um dos clubes mais importantes, representativos e prestigiados da história do futebol português.
Aqueles que são de outros clubes, sente-se inspirados com o nosso Amor.
VIVA O VITÓRIA!!!

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