Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXXI): Homenagem a Mário Soares

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXXI): Homenagem a Mário Soares

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXXI): Homenagem a Mário Soares

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9 Dezembro 2024, Segunda-feira
Professor

Neste ano de 2024, se fosse vivo, Mário Soares faria 100 anos de vida.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1924; filho de Elisa Baptista e de João Soares.
Desde os seus tempos de estudante universitário, manifestou sempre a sua oposição clara ao regime do Estado Novo e a Salazar.
Em 1944, aderiu ao Partido Comunista, de onde se afastará mais tarde.
Em 1949, Mário Soares e Maria Barroso casam, por procuração, na prisão do Aljube, onde Soares se encontrava preso; foi detido por doze vezes pela PIDE, cumprindo cerca de três anos de encarceramento, tendo sido posteriormente deportado para São Tomé e Príncipe.
Em 1951, Mário Soares licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, e em 1957, em Direito na Faculdade de Direito da mesma universidade.
Em 1958, apoiou e empenhou-se na candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República.
Em 1964, juntamente com outros opositores ao regime fundou o Acção Socialista Portuguesa (ASP), tendo sido expulso do país por duas vezes: em 1968 e 1970.
Em 1971, publicou o livro “Portugal Amordaçado”, uma obra de referência da literatura política contemporânea.
No dia 19 de Abril de 1973, na cidade alemã de Bad Münstereifel, na então Alemanha Federal, militantes da ASP, tais como Mário Soares, Maria Barroso, Fernando Valle, Emília, Carolina, João e Manuel Tito de Morais, Marcelo Curto, Beatriz e Mário Cal Brandão, Salgado Zenha, Teófilo Carvalho dos Santos, Vasco da Gama Fernandes, António Arnault, Vítor e Teresa Cunha Rego, e muitos outros, presentes e circunstancialmente ausentes, contribuíram para a fundação daquele que viria a ser um partido estruturante na democracia portuguesa: o Partido Socialista.
Nessa ocasião, foi escolhido Mário Soares como o seu primeiro secretário-geral.
Com o 25 de Abril de 1974, regressou a Portugal, tendo sido nomeado ministro do governo provisório, nomeadamente Ministro dos Negócios Estrangeiros no I Governo Provisório directamente ligado ao processo de descolonização, numa sucessão rápida das independências das então denominadas províncias ultramarinas, processo esse que terá sido, quanto a mim, a sua acção menos consensual do seu percurso político.
Em 1975, o PS foi o vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, tendo sido Mário Soares primeiro-ministro dos dois primeiros governos constitucionais.
Mário Soares foi um democrata, um homem corajoso, que fez frente à ditadura fascista, antes do 25 de Abril e à ditadura comunista, imediatamente a seguir, no PREC.
Em Junho de 1975, no famoso comício da Fonte Luminosa, na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, completamente repleta de gente e perante a ameaça comunista de manutenção indevida no poder, Mário Soares efectuou um discurso corajoso e contundente.
Esse comício, pela enorme influência que teve, é considerado um dos momentos-chave que viria a ser precursor do 25 de Novembro, fundamental para a consolidação da democracia em Portugal.
Em 1985, Mário Soares foi o primeiro-ministro que liderou a comitiva portuguesa formalizando, no Mosteiro dos Jerónimos, a entrada de Portugal na actual União Europeia.
“Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental por um futuro de progresso e de modernidade. Mas não se pense que seja uma opção de facilidade. Exige muito dos portugueses, embora lhes abra simultaneamente largas perspectivas de desenvolvimento. Por outro lado, constitui a consequência natural do processo de democratização da sociedade portuguesa, iniciado com a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974, e igualmente da descolonização que se lhe seguiu – a qual feita com atraso de vinte anos em relação aos outros países europeus – e, apesar dos traumas e desvios porventura inevitáveis, nos permite hoje mantermos relações fraternas e fecundas com os países africanos de fala oficial portuguesa, todos aliás aderentes à Convenção de Lomé́”, referiu Mário Soares, nessa importante ocasião.
Eleito Presidente da República, com dois mandatos consecutivos (1986–1996), foi um dos mais importantes presidentes da República, imprimindo um novo estilo presidencial, de proximidade com as populações.
Mário Soares foi uma personalidade intemporal, um estadista de referência, de dimensão e prestígio nacional e internacional, de tolerância e exemplo democráticos, de amplo consenso, primeiro-ministro e presidente da República.
Na passagem dos cinquenta anos do 25 de Abril, fica aqui uma singela, mas significativa evocação da sua figura.

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