Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXVII): O cinquentenário da Companhia de Teatro “O Bando”

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXVII): O cinquentenário da Companhia de Teatro “O Bando”

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XXVII): O cinquentenário da Companhia de Teatro “O Bando”

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28 Outubro 2024, Segunda-feira
Professor

Uma das melhores formas de comemorar o 25 de Abril é homenagearmos a Companhia de Teatro O Bando.
Em 2019, O Bando e a Associação Setúbal Voz, através do Coro Setúbal Voz, numa feliz e oportuna parceria, apresentaram o espectáculo intitulado “Purgatório” de Dante Alighieri, nos palcos do Fórum Luísa Todi, em Setúbal, do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa e no Convento de S. Francisco, em Coimbra, num total de catorze concertos.
Nesses tempos, convivemos de muito perto com João Brites.
João Brites, fundador e director d’O Bando, é indiscutivelmente um dos mais prestigiados encenadores portugueses, com uma longa e profícua carreira. Professor do departamento de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, encenou espectáculos e eventos no âmbito da Europália ’91 e da Lisboa’94, tendo coordenado a Unidade de Espectáculos da Expo’98. Publicou vários artigos sobre teatro e o processo de criação artística, desenvolvendo um discurso teórico-prático em torno do trabalho de actor e intervindo regularmente em congressos da área.
Em 1999, foi-lhe atribuído o título de Comendador da Ordem do Mérito, e em 2004 recebeu o Prémio Almada, na área do Teatro, atribuído pelo Instituto das Artes, do Ministério da Cultura.
Nesse ano de 2019, durante um jantar realizado no Vale dos Barris, onde se localiza actualmente a sede d’O Bando, estive a conversar animadamente na companhia de Jorge Salgueiro, João Brites, e do saudoso Cândido Ferreira, onde me falaram dos problemas que os dois últimos tiveram com o regime do Estado Novo, como se viram forçados a sair do país, a fim de evitarem realizar o serviço militar e serem incorporados no exército, para irem combater nas ex-colónias.
João Brites, Cândido Ferreira, Jaqueline Tison, Carmen Marques, Jorge Barbosa e Maria Janeiro fundaram a Companhia de Teatro “O Bando”, a 15 de Outubro de 1974.
No princípio eram poucos, entre eles Cândido Ferreira que vinha de França e João Brites, proveniente da Bélgica.
O primeiro local onde se estabeleceram foi em Sintra.
Nos primeiros tempos, O Bando deslocava-se às escolas e colectividades, procurando o contacto directo com as populações, absorvendo e influenciando a forma de pensar e desenvolvendo o espírito crítico, tendo a ficção como base subjacente.
A partir daqui, O Bando andou quase sempre com “a casa às costas”. Com efeito, em 1976 mudaram-se para uma quinta em Melecas e no período compreendido entre 1977 e 1983, passaram por sedes dispersas em Lisboa.
Entre 1984 e 1991 fixaram-se no Teatro da Comuna. Mesmo estando centrados em Lisboa, levaram sempre os seus espectáculos a zonas mais isoladas do país.
A itinerância constituiu sempre parte da matriz conceptual d’O Bando.
Em 1999, ao passarem pela actual sede de O Bando (na altura, uma pocilga abandonada), detectaram-lhe as potencialidades, adquiriram o espaço e assentaram arraiais em Palmela, na encosta da Serra do Louro, numa propriedade de cerca 80 hectares.
Quanto ao Teatro, de que O Bando é um dos mais excelsos e distintos representantes, constitui uma das formas mais eficazes de contar uma história, uma vez que coloca, em simultâneo, elementos tais como a palavra, o gesto, a música e a dança, tendo sempre como objectivo educativo a formação humana, na tomada de consciência da própria individualidade e na redescoberta da necessidade de expressão, acreditando incondicionalmente nas potencialidades intrínsecas de cada indivíduo.
Trata-se de aceitar o risco da mudança e, tendo em conta a sua especificidade, procurar abrir novos horizontes no qual agir, implicando, dessa forma, a necessidade da abertura ao imprevisto, à brincadeira, ao diálogo criativo e à expressão musical.
Ao longo destes cinquenta anos, a Companhia de Teatro O Bando assume-se como uma das mais importantes, prestigiadas e categorizadas companhias teatrais de Portugal, mantendo inalterado seu compromisso para com o Teatro, a arte da representação, nas suas dimensões lúdicas, sociais e políticas de uma sociedade, gerando reflexões, levantando questões e voando através do poder mágico da imaginação e da fantasia.
Em meu nome pessoal, da Associação Setúbal Voz, mas também, e sobretudo, em nome de todos nós, os votos sinceros de muitos parabéns e muitas felicidades aO Bando.
Sempre à procura do próximo cenário, lá ao fundo, na linha do horizonte.

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