15 Julho 2024, Segunda-feira

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Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XVIII):O 25 de Novembro de 1975

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XVIII):O 25 de Novembro de 1975

Pensar Setúbal: Os 50 anos do 25 de Abril de 1974 (Parte XVIII):O 25 de Novembro de 1975

, Professor
15 Julho 2024, Segunda-feira
Professor

Em minha opinião, os dois acontecimentos históricos mais importantes ocorridos em Portugal no século XX, foram o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril de 1974.
Depois existem outras datas também muito importantes, tais como o 28 de Maio de 1926 e o 25 de Novembro de 1975.
Já falámos sobre a primeira, numa das crónicas anteriores. Hoje iremos centrar-nos nesta última que constitui a consolidação do 25 de Abril e o retomar da normalidade democrática que andava arredia.
Portanto, o 25 de Novembro de 1975 constitui o corolário do 25 de Abril de 1974, constituindo, quanto a mim, o encerramento de um ciclo.
Em Maio de 1974 o general António de Spínola foi nomeado presidente da República, tendo nomeado como primeiro-ministro Adelino da Palma Carlos. Este demitiu-se em Julho desse ano, tendo sido substituído pelo coronel Vasco Gonçalves, militar com ligações próximas ao Partido Comunista (PCP).
Nesse Verão, sugiram os primeiros desentendimentos entre ambos, nomeadamente ao destino a dar às colónias.
Preocupado com a deriva revolucionária do 25 de Abril, Spínola organizou a 28 de Setembro de 1974 uma manifestação, fazendo apelo à “maioria silenciosa”, a fim de procurar travar o processo de radicalização política que não teve o sucesso esperado por vários factores.
Na sequência de todas estas movimentações, surge o 11 de Março de 1975. Os militares spinolistas tentam um golpe de Estado, mas são travados pelo COPCON (Comando Operacional do Continente), um corpo militar de elite constituído por 5000 homens e liderados por Otelo Saraiva de Carvalho.
O golpe falhado provocou a fuga de Spínola para a Espanha franquista e consentiu a Vasco Gonçalves de efectivar uma transição para um regime de matriz comunista. Bancos, companhias de seguros e numerosas indústrias e empresas foram nacionalizadas nos dias sucessivos ao 11 de Março, para além do controlo da imprensa e do forte condicionamento da sociedade civil.
No nosso distrito de Setúbal verificaram-se demasiadas convulsões sociais que tiveram como efeito perverso as nacionalizações, a retracção do investimento, a pobreza anunciada.
A nível desportivo, a região de Setúbal chegou a ter seis clubes na 1ª Liga.
Hoje, nem um. O Vitória Futebol Clube é um caso à parte, uma vez que foi empurrado administrativamente para a 3ª Liga, por culpas próprias e alheias.
Mas isso é outra história que será analisada numa outra crónica mais adiante.
Apesar de tudo, a 25 de Abril de 1975, ocorrerem as eleições para a Assembleia Constituinte, tendo o PS ficado em primeiro lugar, o PSD em segundo, o PCP em terceiro e o CDS em quarto.
Todavia, entre Março e Novembro de 1975, quem detinha, de facto, o poder era o PCP.
O PCP era um partido mais antigo (fundado em 1921), extremamente disciplinado, muito mais bem organizado, com uma militância intensa e sobretudo com um sentido estratégico e táctico que deixava os outros partidos a anos-luz de distância.
Toda a estrutura social e o tecido empresarial tremeram, tendo culminado com a vinda precipitada e criminosa (porque planeada de forma deliberada e intencional), de cerca 700 mil refugiados das ex-colónias, eufemisticamente designada por “descolonização exemplar” e que, tudo conjugado, teve consequências desastrosas.
Mesmo sem estar no governo, era Álvaro Cunhal quem detinha as rédeas do poder.
E daí que, a 6 de Junho de 1975, em pleno “Verão Quente”, Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, concedeu uma longa, importante e fundamental entrevista à conceituada jornalista italiana Oriana Fallaci, onde definiu as principais ideias estruturantes do cardápio comunista: “Portugal já não tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo das que vocês têm na Europa ocidental (…) Garanto-lhe que em Portugal não haverá um parlamento (…). Não queremos uma democracia como a vossa (…). Portugal não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios”.
Estas foram algumas das frases proferidas, retiradas de uma entrevista global, cujo conteúdo recomendo vivamente a sua leitura integral.
A Reforma Agrária implementada por Vasco Gonçalves de abolir o latifúndio e distribuir as terras aos camponeses, teve desenvolvimentos significativos no Alentejo. Todavia, a norte do país essas tentativas não surtiram efeito.
Continuamos para a semana.

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