Através de notícias que foram veiculadas pela Comunicação Social, a SAD do Vitória terá encontrado um investidor, o empresário Hugo Pinto, 34 anos, com quase três anos como associado e com negócios no ramo imobiliário e hoteleiro.
Nesta fase preliminar, existe um contrato de participação entre as partes.
Hugo Pinto será um dos responsáveis da sociedade, acompanhado por Francis Obikwelu, ocupando ambos os lugares na SAD, como administradores executivos. Nuno Soares e Luís Cruz apresentaram as suas demissões e o presidente Carlos Silva manter-se-á na SAD do Vitória, sem funções executivas.
Todos estes acontecimentos seguem uma sequência lógica, desde que os problemas crónicos e estruturais do Vitória, herdados de sucessivas direcções anteriores durante cerca duas décadas e meia, se começaram a agravar, principalmente entre 2017 e 2020, com Vítor Hugo Valente, Paulo Gomes e Paulo Rodrigues e que culminou com Paulo Gomes na fatídica descida administrativa à 3ªLiga, ocorrida em Maio de 2020.
Em Setembro de 2020, a Câmara Municipal de Setúbal (CMS) adquiriu o direito de superfície dos terrenos do Estádio do Bonfim, uma vez que existiriam fortes indícios de haver vários interessados na aquisição desses direitos (hipotecados pela Vitória SAD), eventualmente com interesses especulativos.
Em Janeiro de 2021, durante a tentativa de se chegar a uma lista de consenso, patrocinada por Francisco Alves Rito, Helena Parreira e Paulo Oliveira, onde também estive presente, foi proposto o nome de Carlos Silva, que conta com o apoio explícito da autarquia.
Actualmente, o Vitória encontra-se com graves dificuldades financeiras, estádio obsoleto (mesmo considerando as oportunas intervenções de conservação entretanto realizadas), com 24 milhões de euros em dívidas.
Desde 2015 que o Vitória tem estado debaixo da alçada dos Planos Especiais de Revitalização (PER), tendo o último sido aprovado em Junho de 2019 e reflecte as dívidas mencionadas atrás.
As dívidas ao Estado cifravam-se em 5,2 milhões de euros; a fornecedores e a outros credores chegava quase ao milhão de euros.
Depois temos a SAD do Vitória, cujas dívidas nunca sabemos ao certo quais são, uma vez que tem sido sempre uma entidade intencional e deliberadamente opaca, onde imperou a falta de competência e aproveitamentos pessoais, que depauperaram e fragilizaram o clube.
Chegados aqui, temos neste mês de Junho, o surgimento de um investidor, Hugo Pinto. O facto de se ter inscrito como sócio do Vitória há cerca de três anos, configura que este passo já estava a ser pensado há algum tempo.
Evidentemente que qualquer investidor credível, repito credível, será sempre bem-vindo. Da longa entrevista que concedeu a este jornal, Hugo Pinto afirmou que pretende adquirir 90% das acções da SAD.
Como é óbvio, qualquer alienação de posições, bem como decisões relacionadas com alteração de accionistas, ou venda da SAD, terá de ser aprovada pelos sócios em Assembleia Geral (AG) presencial convocada para esse efeito.
Na referida AG é fundamental podermos contar com a presença de Hugo Pinto e dos seus colaboradores, para que as principais linhas estratégicas de actuação sejam apresentadas de uma forma serena, clara, franca, honesta e esclarecedora, numa reunião que se pretende ordeira e atenta, assegurando que os superiores interesses do Vitória Futebol Clube sejam respeitados, com vista a tornar-se progressivamente um clube moderno, estável, pujante e sobretudo auto-sustentável.
E que nos torne a dar muitas alegrias.
O Vitória é um vulcão adormecido.