O Presidente de Cabo Verde, Dr. Jorge Carlos Fonseca efectuou na semana passada uma visita de Estado de três dias a Portugal.
O primeiro dia começou com um contacto com a comunidade cabo-verdiana no Seixal, em resposta a um convite de uma associação local e da Câmara Municipal que endereçaram ao presidente.
Neste primeiro dia da visita a Portugal, o Presidente da República cabo-verdiano teve um encontro com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, com quem abordou temas de interesse comum.
Enquanto presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jorge Fonseca teve um encontro com o secretário-executivo da organização, o português Francisco Ribeiro Telles, e com todos os representantes permanentes da organização, na sua sede em Lisboa e cuja agenda incluiu a facilitação da circulação dos cidadãos lusófonos, uma proposta conjunta de Cabo Verde e Portugal.
No segundo dia, Jorge Fonseca esteve presente na conferência inaugural no evento literário Correntes de Escrita, que decorreu na Póvoa do Varzim.
Nesse mesmo dia, O Presidente de Cabo Verde lançou o primeiro dos 40 livros que foram apresentados no certame, que é da sua autoria: “A sedutora tinta das minhas noutes”.
Foi através do futebol, do amor pelo Vitória Futebol Clube, transmitido por seu Pai, assumido vitoriano, que Jorge Fonseca teve os primeiros contactos com a língua portuguesa. Quando tinha nove ou dez anos, a leitura favorita de Jorge Fonseca era o jornal A Bola, que lhe chegava muitas vezes com meses de atraso, onde devorava as crónicas de Vítor Santos ou Alfredo Farinha e de outros jornalistas consagrados.
Mais tarde acedeu aos poemas, romances, clássicos portugueses, brasileiros e também estrangeiros.
Os autores podiam variar, mas havia uma coisa que era transversal a todos eles — a nossa Língua Portuguesa, uma língua que é a quinta mais falada no mundo e que serve de elo de ligação entre continentes, gentes e culturas.
Segundo Jorge Fonseca”O português tem um legado histórico cultural com mais de 800 anos capaz de ultrapassar utopias, barreiras políticas, guerras. É através dele que expressamos toda a nossa condição humana, compreendemos o passado e planeamos o futuro”, mas não só. “Nos nossos países africanos, onde a língua portuguesa vem coexistindo ao lado de outras línguas nacionais, ela vem funcionando como janela para outros mundos, que por sua vez nos vão absorvendo, entrando em nós, acabando por ser parte de nós, do nosso tecido intelectual”.
“É uma língua que, a partir do século XII, veio descendo dessas terras da Galiza, a norte da Póvoa, (…) autonomizando-se”. Depois dessa viagem, foi capaz de chegar ainda mais longe — “até nós, moldando-nos e fazendo de nós inquilinos desta casa multissecular, dessa riquíssima literatura com sabor a mar, desertos, ilhas e planaltos, com uma variedade de sotaques e léxicos, com moradores ilustres como Camões, Machado de Assis, Mia Couto”, entre outros, afirmou o presidente cabo-verdiano, que apresentou depois da conferência de abertura o seu mais recente livro, A Sedutora Tinta das Minhas Noutes.
Após terminarem os jogos onde o Vitória está envolvido, o presidente Jorge Fonseca envia-me regularmente mensagens SMS, onde efectua algumas reflexões sobre as equipas, jogadores e treinadores que vão passando pelo nosso clube.
Ao fim de todos estes anos a paixão transmitida pelo Senhor seu Pai mantém-se ainda muito viva e presente.
Um grande abraço vitoriano, Senhor Presidente e é sempre um prazer tê-lo por cá.