PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte II)

PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte II)

PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte II)

, Professor
13 Abril 2020, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Na crónica da semana anterior, tinha efectuado algumas reflexões sobre a China, como o país responsável pelo aparecimento previsível, ocultação deliberada e disseminação inevitável do vírus, bem como a natureza do seu regime, que determinaram certas práticas alimentares e falta de condições de salubridade, potenciadoras do aparecimento e disseminação do Covid-19.

Para isso, temos de recuar até 1949, altura em que o líder nacionalista chinês Chiang Kai-shek foi deposto pelos comunistas, após uma guerra civil, sob o comando de Mao Tsé-Tung.

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O Partido Comunista Chinês, enquanto oposição a Chiang Kai-shek, entendia que uma das prioridades era a melhoria das condições de vida das populações.

Todavia, assim que alcançaram o poder, as suas prioridades alteraram-se drasticamente, passando a ser a luta de classes, o início e aprofundamento da colectivização, tal como fizera Estaline da União Soviética, décadas antes, com resultados desastrosos.
O regime comunista implementou essas políticas até se chegar a 1957. Mao determinou que a China teria 15 anos para ultrapassar o Reino Unido, uma das grandes potências industriais.

Começava o período histórico conhecido como “Grande Salto em Frente”, com duas velocidades simultâneas; desenvolver a indústria e a agricultura.

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O “Salto” começou com projectos hídricos para irrigar as terras áridas do Norte e conter as grandes inundações do Sul, bem como dar início à produção de ferro e de aço.
Era um trabalho muito duro, com pouca comida e sem assistência médica, pelo que a fome se instalou quase de imediato. Morria-se de exaustão ou malnutrição.

A agricultura foi colectivizada. Comunas agrícolas foram criadas, mas os trabalhadores tinham de entregar toda a produção ao Estado, com riscos de espancamento ou morte a quem ousasse desobedecer.

A fome começou a atingir proporções tais, que se assistiu a cenas recorrentes de canibalismo; corpos de pessoas que iam morrendo.

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Ratos eram também consumidos regularmente. Embora já existissem na cultura chinesa hábitos alimentares diferentes, foram potenciados por todas estas convulsões históricas.

O “Grande Salto em Frente” foi um dos maiores assassínios em massa e um dos episódios mais negros da história da Humanidade. Estima-se que entre 1958 e 1962 tenham morrido cerca de 45 milhões de pessoas.

O que aconteceu na China só é comparável ao Holocausto de Hitler, ao Holodomor e Gulags de Estaline, e ao Genocídio de Pol Pot.

Incluem-se nesta contabilidade do Horror, cerca de 2,5 milhões que foram vítimas de assassínio.

A todos os níveis da sociedade foi preciso encontrar estratégias para continuar a sobreviver, mesmo tendo necessidade de fazer cedências morais. E alimentares.
Logicamente que todo este passado tem repercussões no presente, existindo uma cultura de sobrevivência psicológica que permanece até hoje.

Como contornar a fome e explorar ao máximo o sistema?

Mesmo o sistema natural?

Fica para a próxima semana.

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