A Igreja de S. Sebastião teve sempre um enorme significado sentimental para mim.
Por um lado, tendo nascido no Hospital de S. Bernardo (freguesia de S. Sebastião) e tendo sido também baptizado da Igreja, esta assumiu sempre uma importância simbólica acrescida.
Por outro, é uma Igreja onde tive ocasião de cantar por variadíssimas vezes. E é uma Igreja, muito, muito bonita.
Tal como outros espaços religiosos e não só, a Igreja de S. Sebastião sente a passagem inexorável do Tempo, apresentando necessidade regular de obras de manutenção e conservação.
A Igreja de S. Sebastião, cuja construção data de 1553, é uma igreja muito rica em património arquitectónico, assumindo uma relação muito próxima com a comunidade setubalense, com particular relevância nos Bairros das Fontaínhas e da Conceição.
Nos anos 90, ocorreu a reconstrução e restauro de algumas partes da Igreja, nomeadamente o órgão de tubos, mas a falta de manutenção nos últimos anos e o envelhecimento da comunidade, conduziu a uma progressiva degradação da Igreja, a vários níveis.
Dessa forma, através do dinamismo e empenho do Padre Casimiro Simão Henriques, acompanhado por um grupo de paroquianos, resolveram criar o Grupo dos Amigos da Paróquia de S. Sebastião, cujo objectivo é a angariação de fundos, com vista à recuperação arquitectónica, artística e iconográfica da Igreja.
Começaram a desenvolver e a pensar acções, nomeadamente o Festival de Sopas, o Sop`Arte, espectáculos de fado, o programa “Torne-se Amigo da Paróquia” e “Seja Mecenas”, almoços e espectáculos comunitários, o dia de S. Sebastião, lançamento de vinhos de S. Sebastião, com a parceria da Casa Ermelinda de Freitas.
Em Setembro de 2018, decorreu o 1º dos Encontros de S. Sebastião “Arte, Fado e Poesia” nos claustros da Casa Episcopal, gentilmente cedida e aberta ao público pela primeira vez por D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, e que teve uma grande adesão da comunidade setubalense.
Os fundos até aqui angariados com o apoio de paroquianos, mecenas e muitos setubalenses, permitiram avançar para obras cruciais de estrutura, como foi o caso do arranjo do telhado que tinha levado a infiltrações várias na sacristia, bem como a recuperação de painéis de azulejos, nova iluminação e alguma recuperação iconográfica, em especial S. Sebastião e o seu novo altar.
Neste mês de Julho, realizou-se o 2º Encontro de S. Sebastião- Duo Noite de Verão, nos Claustros da Casa Episcopal, a que estive presente, através de um amável convite de Isabel e António Melo, dois distintos e muito empenhados membros da referida organização.
A 1ª parte teve a actuação de Duo Encore (Fernando Pernas, clarinete e José Micael, guitarra) e a 2ª parte actuou o grupo Passione (João Mendonza, tenor, Carlos Xavier, piano, Gabriela Magalhães, violoncelo e Joana Guedes, violino).
Na ocasião, intervieram D. José Ornelas e o padre Casimiro Henriques, agradecendo a presença dos setubalenses e chamando a atenção para a necessidade de intervenções e melhoramentos da Igreja de S. Sebastião, nomeadamente a sua recuperação arquitectónica, artística e iconográfica.
A sociedade civil setubalense correspondeu ao apelo efectuado, e, de facto, os claustros apresentavam-se repletos de um público entusiasta, confirmando a relevância deste evento, não só pelo próprio espectáculo em si, como pelo contributo de cidadãos, tanto paroquianos, como os próprios setubalenses, em geral.
Pela parte que me toca, foi uma noite muito bem passada. E a repetir.