PENSAR SETÚBAL: Homenagem ao maestro Jorge Manzoni

PENSAR SETÚBAL: Homenagem ao maestro Jorge Manzoni

PENSAR SETÚBAL: Homenagem ao maestro Jorge Manzoni

, Professor
11 Outubro 2021, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Neste ano de 2021 perfazem vinte e cinco anos do desaparecimento de uma distinta personalidade do panorama cultural setubalense e que dirigiu o Coral Luísa Todi durante mais de duas décadas: o saudoso maestro Jorge Manzoni.

Jorge Manzoni nasceu em Lisboa, a 27 de Novembro de 1922.

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A sua formação musical iniciou-se no Seminário de Vila Viçosa.

Frequentou o Conservatório Nacional de Música de Lisboa e foi bolseiro, durante vários anos, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Teve como professores nomes dos mais consagrados ligados à cultura do nosso País, entre os quais Marieta Amstad, Paul Von Schilawsky, Gino Savioti, Fernanda Dowens Pratts, Jorge Croner de Vasconcelos, Lúcio Mendes e Carlos Manaças.

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Esteve várias vezes presente no Teatro Nacional Dona Maria II, acompanhando algumas das suas colegas nas provas finais do Curso Especial de Ópera, ou cantando como solista em concertos, tendo sido acompanhado ao piano por figuras como Mário de Sampayo Ribeiro, Mercedes Carbonel, Filipe Pires e Vasco Brederode.

Durante mais de dez anos foi cantor no Coro Polyphonia, bem como no Coro Gulbenkian.

Chefiou a delegação da Juventude Musical Portuguesa que se deslocou a Genebra, por ocasião de um Congresso Internacional de Juventude.

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Foi professor de música no Colégio Clenardo, merecendo, porém, realce muito especial a sua actividade como regente orfeónico.

Dirigiu os seguintes coros:  Regina Caeli; Coral Alfredo Keil de Santarém; Coro de Santa Cecília da Basílica da Estrela Poliphonia – Schota Cantorum; Coro Renovação e Coral Stella Vitae, um coro masculino que dirigiu durante 25 anos.

Em 1968, Jorge Manzoni deixou o Coro da Fundação Calouste Gulbenkian para se dedicar inteiramente, como maestro, ao Coral Luísa Todi, projecto que conduziu e acarinhou ao longo de cerca 25 anos, tendo dirigido orquestras, músicos e solistas de grande prestígio em Portugal, Espanha e França.

Foi o primeiro maestro português a dirigir, em Portugal, a primeira versão integral da «Carmina Burana» de Carl Orff, unicamente com músicos portugueses, tendo também dirigido obras importantes, tais como a «Missa Creoula» de Ariel Ramirez, a «Missa en Sol» de Franz Schubert, gravada e transmitida na RTP (1983), o «Magnificat» e o «Gloria» de Vivaldi.

É o autor da peça coral sinfónica «Domine Quinque Talenta» e de várias orquestrações já executadas por coro e orquestra.

A sua experiência na direcção de coros, enorme apuramento pessoal, competência artística e sensibilidade musical, levaram Jorge Manzoni a receber a admiração de todos com quem trabalhou e do público que assistiu aos seus concertos, tanto em Portugal como no estrangeiro.

Em 1995, realizou-se um concerto em sua homenagem, «In Memorium», na Sé Patriarcal de Lisboa, com a participação de coros que dirigiu, tais os Coros Laudate, Coro de Santa Maria de Belém, Coral Publia Hortensia, Stella Vitae, Renovação e o organista António Duarte.

Jorge Manzoni faleceu em França, na cidade de Tarbes, em 1996.

Durante os poucos anos que tive o privilégio de contactar com o maestro Jorge Manzoni, constatei que era, de facto, um Senhor, um Cavalheiro, muito inteligente, fino, distinto, refinado, sensível, com um grande sentido de humor e com uma cultura musical notável. Era um maestro muito exigente, mas simultaneamente simpático, simples e acessível.

Pessoas como Jorge Manzoni nunca morrem completamente.

Encontro-o muitas vezes nas minhas memórias e nos meus afectos.

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