No meu primeiro dia de aulas deste ano lectivo, no nosso Agrupamento de Escolas Lima de Freitas, encontrei a minha aluna Beatriz (aluna de Quadro de Honra), que é neta de José Maria e sobrinha-neta de Conceição. Perguntei-lhe como se sentia o avô José Maria e toda a família, com o falecimento do seu irmão Conceição.
A Beatriz olhou para mim por trás da máscara, com que todos andamos, e adivinhou-se-lhe a tristeza no olhar, antes de responder-me que o avô José Maria, bem como toda a gente, estava muito em baixo, muito, muito triste.
Ninguém fica indiferente ao falecimento de uma das figuras lendárias do nosso Vitória Futebol Clube.
Joaquim Adriano José Conceição nasceu em Luanda a 8 de Abril de 1942.
Veio para o Vitória em 1962. Assim que chegou, informou logo a direcção do Vitória, e em particular Fernando Pedrosa, que tinha um irmão que era ainda melhor que ele. Foi assim que, passado pouco tempo, chegou à então Metrópole o também lendário José Maria.
Defesa direito extremamente elástico, Conceição fazia o seu corredor em movimentos ofensivos muito rápidos, estabelecendo com a sua acção directa, desequilíbrios, o que permitia o ascendente ofensivo do Vitória, recuando também de imediato quanto isso se impunha.
Tal como Francisco Rebelo, Conceição seria o precursor do defesa lateral direito moderno. Na altura, não era comum os defesas laterais aventurarem-se em terrenos tão ofensivos, tal como o faziam ambos, de forma soberba.
Conceição representou o Vitória Futebol Clube desde 1962 até 1973, tendo efectuado duzentos e seis jogos.
Foi também chamado à Selecção Nacional, tendo-a representado em cinco ocasiões.
Tal como Herculano e José Maria, também Conceição venceu duas Taças de Portugal. Em 1965, o Vitória venceu o Benfica por 3-1. José Maria marcou um dos golos.
Em 1967, a nove de Julho desse ano, no Estádio do Jamor, o Vitória Futebol Clube venceu a Académica por 3-2. Nessa ocasião, coube a Conceição a honra de ser o capitão de equipa, recebendo gostosa e orgulhosamente a 2ª Taça de Portugal, pelas mãos de Américo Thomaz.
Nesse jogo, marcaram pelo Vitória, de novo o seu irmão José Maria, Guerreiro e Jacinto João (JJ).
Conceição esteve indissociavelmente ligado à melhor fase de sempre do Vitória Futebol Clube, treinado por Fernando Vaz e José Maria Pedroto, com várias passagens de mérito pelas competições europeias de clubes.
Radicou-se posteriormente em New Jersey, nos Estados Unidos, trabalhando durante muitos anos como estivador.
Conceição foi casado com Antónia Gaspar da Conceição, pai de dois filhos, Gabriela e Paulo Jorge Conceição e avô do Bruno.
Faleceu aos 78 anos em New Jersey, nos Estados Unidos, onde residia, tal como o seu irmão, José Maria.
Das últimas vezes que falei com José Maria pelo telefone e me inteirava do estado de saúde de Conceição, as respostas que me dava não eram nada animadoras.
Conceição, José Maria, Tomé, Carlos Cardoso, Herculano, José Mendes, Rebelo, Jaime Graça, Carriço, Jacinto João, Mourinho, João dos Santos, Armando Martins, Emídio Graça e todas estas figuras lendárias que povoam o nosso imaginário e os nossos afectos vitorianos, servem para nos lembrarmos quem somos, quem nunca deixaremos de ser, qual é a nossa matriz, de que material somos feitos, principalmente nestes momentos difíceis e conturbados.
Seremos sempre, em todas as ocasiões e em qualquer circunstância, orgulhosamente VITÓRIA FUTEBOL CLUBE.
Caros José Maria, Antónia, Niko, Tó Maria, Ana Rita, Gabriela, Paulo Jorge, Leonardo, Beatriz, Luana, Marta, Bruno e restante família; permitam que vos manifeste as nossas mais sentidas e sinceras condolências.
Até Sempre, Conceição.