Setúbal saudou a entrada em 2019 com um programa de festejos reforçado à beira-Sado, que incluiu três palcos com animação musical, carrinhas de alimentação ao longo da zona ribeirinha e um espectáculo pirotécnico.
Com o Rio Sado e a Serra da Arrábida como pano de fundo, actuaram vários músicos e DJ. Entre as 23 e as duas da manhã, o DJ Paulo Di-Light esteve na Tenda dos Golfinhos, na Doca dos Pescadores.
O duo Beliche subiu ao Palco Casa dos Pescadores numa viagem por vários estilos musicais nacionais e internacionais. A banda com 12 anos, já deu mais de 700 concertos pelo País e no estrangeiro.
Ao mesmo tempo, no Palco Rockalot, na Praia da Saúde foi a vez de Jorge Nice interpretar os sucessos mais emblemáticos, que o tornaram famoso em Setúbal e arredores. Com letras contagiantes e um sotaque bem charroco, o cantor esteve mais uma vez muitíssimo bem.
Segundo dados fornecidos pela Câmara Municipal de Setúbal, estiveram presentes cerca de 40 mil pessoas.
Contudo, e tal como infelizmente vem sendo hábito todos os anos, no dia 1 de Janeiro de 2019, nos telejornais das várias estações de televisão, sobre o fim de ano em Setúbal…praticamente nada.
Quer a RTP1, RTP3, SIC, TVI, TVI24, CMTV mostraram imagens de Lisboa, Porto, Ponta Delgada, Funchal, Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Bragança, Vila Real, Albufeira, Quarteira, Nazaré, Beja, Braga, Évora, Faro e em outros locais. Quase todas as localidades atrás referenciadas, passaram nos diversos canais e mais que uma vez.
Dei-me ao trabalho de recuperar e de visionar em modo acelerado os vários telejornais da hora de almoço, de fio a pavio e, tal como tem sido sempre hábito, nem uma palavra sobre a passagem do ano em Setúbal.
Somente na SIC Notícias, apareceu uma reportagem às 8.03h, que não repetiram no respectivo Jornal da Uma, sobre a passagem do ano a bordo do ferry.
O que me leva à questão essencial: a permanente subalternização a que os canais de televisão votam sistematicamente Setúbal, não me parece ser obra do acaso.
Maria das Dores Meira tem vindo a afirmar reiteradamente que iria colocar Setúbal nas bocas do mundo e tem feito bastante nesse sentido.
Contudo, no que diz respeito à comunicação social, as bocas continuam quase sempre fechadas.
Mesmo com a progressiva notoriedade que Setúbal tem vindo a grangear, Lisboa, o Poder Central e a comunicação social, continuam a considerá-la como filha de um Deus menor.
Vejam a perda de autonomia decisória relativamente ao turismo em Setúbal e também no que diz respeito ao Porto de Setúbal. Vejam as complicações com as dragagens e como o Poder Local se subalterniza perante o Poder Central.
Vejam as complicações que têm surgido com o empreendimento do empresário macaense que pretende reconverter a zona envolvente ao Clube Naval Setubalense, ou a possibilidade de Setúbal poder vir a ser visitada por navios de cruzeiro.
No Funchal estavam dez(!) navios de cruzeiro, por ocasião desta passagem do ano.
Sem perceberem que, com o progressivo desenvolvimento económico de Setúbal, todos (leia-se o país) beneficiamos.
Mais uma vez, a comunicação social prestou um péssimo serviço informativo. Todos os anos, por esta altura, ausência quase total de informação.
Algo que urge reflectir. E agir.
Nunca através do protesto, mas através de pedagogia por parte dos nossos responsáveis, a fim de tornar a nossa região de Setúbal um local cada vez mais aprazível e merecedor de publicidade televisiva adequada.