“A nova AD é um presente de Natal, colocado junto ao presépio, que esvazia todas as recentes árvores de Natal que floresceram adubadas pelo protesto, pelo popularismo e pela demagogia.”
Miguel Soares de Oliveira, Observador
A notícia que nos chegou da mais recente coligação pré-eleitoral entre o PSD o CDS e agora também o PPM, denominada de novo Aliança Democrática (AD), foi, quanto a mim, uma excelente notícia, uma vez que configura a necessidade de uma mudança para Portugal. e recordar com alguma nostalgia da antiga AD.
Após o longo período da ditadura do Estado Novo, o 25 de Abril, o PREC e os tempos conturbados que se lhe seguiram, com as nacionalizações, a reforma agrária, a descolonização, o país andava à procura de si próprio, em busca de um rumo que o pudesse equilibrar.
De 1976 a 1978, governou o PS de Mário Soares que desempenhou um papel muito extremamente importante e fulcral na consolidação da democracia.
Nesse mesmo ano surgiu a AD, com Francisco Sá Carneiro pelo PSD, Diogo Freitas do Amaral pelo CDS e Gonçalo Ribeiro Teles pelo PPM, vencendo as eleições intercalares de 1979 com maioria absoluta (42,5%). Francisco Sá Carneiro tornou-se primeiro-ministro e tomou posse em 1980, a 3 de Janeiro.
Em Outubro de 1980 a AD voltou a conseguir maioria absoluta, reforçando a sua votação (47,6%)
Todavia, a 4 de Dezembro de 1980, Sá Carneiro e Amaro da Costa morreram na sequência da queda de um avião. Freitas do Amaral foi o substituto até à nomeação de um novo governo.
Seguiram-se mais dois governos da AD, liderados por Francisco Pinto Balsemão, que viveram momentos de alguma turbulência e levaram à queda do seu executivo e mais tarde, ao fim da AD.
Nessa ocasião, tinha acabado de entrar na Universidade e vivia todos estes acontecimentos políticos de forma intensa e apaixonada.
Hoje, passados todos estes anos, eis que a AD surge de novo no panorama político nacional.
Quanto ao meu partido, o CDS, foi lentamente definhando sobretudo por culpas próprias, não conseguindo perceber e adaptar-se à evolução da sociedade portuguesa.
Contudo, sendo um partido com muito pouca expressividade eleitoral, continua ainda ancorado no imaginário das pessoas como um partido fundador da democracia.
Pode ser que esta coligação lhe dê uma segunda vida. Vamos ver.
Quanto ao PS, detentor de uma maioria parlamentar confortável, desbaratou o capital de confiança que os eleitores depositaram em si.
O Governo PS empossado em Março de 2022, caracterizou-se desde o início por uma acentuada instabilidade interna, enredando-se e atolando-se em casos, casinhos, indemnizações milionárias, esquecimentos, aeroportos, precipitações, desculpas públicas, demissões, agressões, computadores desaparecidos, falta de dimensão e sentido de Estado de alguns dos seus governantes, falhas muito graves de comunicação entre si, acrescidos por uma dificuldade em ter uma visão estratégica (Saúde e Educação por exemplo) e perdendo as energias em tacticismos inconsequentes que culminaram de forma expectável com a demissão do primeiro-ministro, António Costa após uma investigação judicial.
Em Janeiro deste ano, ao fim de apenas dez meses em funções, o executivo liderado por António Costa já tinha registado quatro remodelações, doze exonerações e a entrada de catorze novos governantes.
Uma instabilidade incompreensível, tendo como suporte uma maioria absoluta inquestionável.
Considerando um período temporal de vinte anos (2003-2023), constatamos que o PS esteve catorze anos no poder, com duas maiorias absolutas (José Sócrates e António Costa).
Quanto ao BE e PCP, não são alternativas. A geringonça não deixou saudades nenhumas.
Relativamente ao Chega, também não é alternativa, procurando o que há de pior nas pessoas: frustração, indignação, revolta, irritação, angústia, insegurança.
Na minha opinião, com a nova AD pretende-se a criação e desenvolvimento de um novo ciclo político com desenvolvimento empresarial e também a existência da importante dimensão social do Estado.
A família, a dignidade humana, a competência, a ética, a integridade, o direito à propriedade privada, e a segurança dos cidadãos devem constituir os alicerces com os quais se estrutura uma sociedade.