Esta crónica vem na sequência da destruição provocada por incêndios deliberados dos ecopontos localizados nos bairros da Tebaida e Aranguês, bem como viaturas automóveis, uma loja e a fachada de um prédio.
Desde há alguns anos a esta parte, têm vindo a ser colocados ecopontos em múltiplos locais da nossa cidade, que constituem estruturas especialmente concebidas para permitir que os munícipes efectuem em casa a separação dos seus resíduos, essencialmente em papel/cartão, plástico e vidro.
Tais estruturas surgiram devido à cada vez maior preocupação das nossas sociedades com o Ambiente, e daí que temos de ensinar às crianças e aos jovens (e também aos adultos), a correcta utilização dos ecopontos.
Verifica-se que as pessoas colocam nos espaços um pouco de tudo, indiciando ainda pouca sensibilidade para estas questões.
Mas esse é o menor dos males. Através da educação, consubstanciada em pedagogia, chegamos lá.
O problema aqui é outro, bem diferente, muito mais grave e já do foro criminal.
Quando tive conhecimento das lamentáveis ocorrências, desloquei-me aos locais onde se verificaram os incêndios.
É um espectáculo perfeitamente desolador. Tudo queimado, destruído, retorcido, lixo espalhado por todo o lado, as pedras da calçada ficam irreconhecíveis, o asfalto fica colado com os restos dos ecopontos, as viaturas destruídas a loja e a frente do prédio afectado, parecem saídas de uma cena de guerra.
Como é lógico, o plástico, o cartão e o papel contidos dentro dos ecopontos, são materiais altamente inflamáveis e de elevada perigosidade. E até o vidro, a determinadas temperaturas.
Tais ocorrências constituem indicadores de barbárie, de incivilidade, de selvajaria, de vergonha pelos seres humanos que somos, e que nem parece que o somos, de facto.
Existe gente que não merece nem sequer o ar que respira.
Muito embora este seja um problema que já se vem registando de há algum tempo a esta parte, o facto é que nestes últimos anos, o prejuízo que tal destruição representou para os cofres da autarquia traduziu-se em vários milhares de euros, relativamente ao custo associado aos ecopontos que foram danificados, ou completamente destruídos.
Por outro lado, e para além destes prejuízos materiais, devem ser também contabilizados os encargos com o trabalho realizado pelos bombeiros no combate a estes incêndios, limpeza posterior, substituição de ecopontos, as viaturas destruídas, assim como a fachada do prédio localizado na Tebaida, que poderão não ter seguros que cubram este tipo de sinistros.
Tais acontecimentos levam, como sempre, às questões centrais subjacentes nas minhas crónicas.
O Estado tem de ser forte, para não ter de ser violento.
A nossa Democracia deve ser firme com quem prevarica e para isso temos que dotar de força moral, legal e material quem a utiliza: Juízes, PSP, GNR, PJ, etc.
O exercício da autoridade deve ser compreendido e respeitado por todos.
Quem não respeita estes pressupostos e comete estes actos inqualificáveis de barbárie, tal como queimar intencional, malévola e deliberadamente um ecoponto, deve ser punido.
Nunca devemos permitir que se interiorize o sentimento de impunidade, muito comum nestes nossos tempos que correm.
A Democracia é um bem cada vez mais precioso. Não podemos desperdiçá-la com quem não a respeita.