Durante o passado Verão, como O SETUBALENSE noticiou, nasceram seis novos Roazes Corvineiros, fazendo com que a nossa comunidade destes simpáticos cetáceos seja actualmente de vinte e nove elementos.
Desde 2019 que não se registavam quaisquer nascimentos, constituindo motivo de forte preocupação, uma vez que a comunidade residente de Roazes é pouco numerosa.
Esta comunidade que já chegou a ter mais de cinquenta elementos, tem vindo progressivamente a decair de número.
A informação do nascimento dos golfinhos ainda não foi oficialmente revelada. Essa incumbência é da responsabilidade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF); no entanto já se conseguiu apurar que há seis novos indivíduos na comunidade sadina de golfinhos.
As referidas crias nasceram no Verão passado, mas a divulgação só é feita posteriormente a fim de proteger os roazes de excesso de curiosidade, evitando dessa forma uma procura excessiva que possa importunar a comunidade.
Por outro lado, outro motivo de preocupação diz respeito ao risco de consanguinidade entre a comunidade, aumentando os riscos associados, nomeadamente a falta de variabilidade genética o que pode propiciar maior fragilidade com determinados tipos de doenças.
E daí que um acontecimento invulgar entre a nossa população de golfinhos, ocorreu em 2010, quando Mr. Hook (com nome de macho, mas sendo uma fêmea), deixou de ser avistada, tendo sido dada como desaparecida.
Durante um ano não deu sinais da sua presença, mas regressou e não veio sozinha, tendo trazido consigo uma cria que foi baptizada com o nome de Vitória (mas que nome tão bonito!!!), constituindo uma absoluta surpresa, o seu repentino e inesperado regresso.
Cada vez mais devem existir normas muito rigorosas relativamente aos barcos que se aproximam destes cetáceos, quer relativamente ao comportamento das pessoas, quer à forma de aproximação das embarcações, quer ao tempo de duração desse contacto, não podendo ultrapassar meia hora.
Em circunstância alguma podem ser alimentados, por motivos óbvios.
O Roaz-Corvineiro (Tursiops truncatus) é o mais conheci¬do de todos os golfinhos, pois encon¬tra-se um pouco por todo o lado, quer na proximidade das costas, quer no mar alto. Vive em águas costeiras de numerosos países e a sua espantosa capacidade de adaptação, tornou-os abundantes, permitindo o seu estudo.
Os roazes-corvineiros vivem em grupos de 10-30 indivíduos.
O seu perfil hidrodinâmico e a sua musculatura poderosa tornam-no um nadador rápido e vigoroso, muito activo à superfície, efectuando batimentos caudais, saltos e variados movimentos acrobáticos, sendo capaz de se deslocar a mais de 40 km/h, auxiliado também pela estrutura da sua pele, lisa e escorregadia. É o mais rápido de todos os delfinídeos de tamanho pequeno.
É uma espécie que apresenta uma coloração geral escura, com os flancos mais claros que o dorso e parte ventral da metade anterior do corpo também mais clara, capaz de mergulhar até 300 m de profundidade e de permanecer em apneia até 15 minutos à procura de alimen¬to; pequenos peixes, tainhas, enguias, cefalópodes e às vezes também camarões.
O Roaz-Corvineiro sabe tirar proveito das actividades marítimas do homem: captura os pei¬xes que se escapam das redes de pesca enquanto estas são puxadas para bordo, e captura também os peixes que os pescadores devolvem ao mar. Chamam-lhe roaz devido ao seu hábito de roer as redes dos pescadores, com o propósito de lhos roubar o peixe.
As fêmeas têm uma única cria de dois em dois ou de três em três anos, no Verão. O leite materno, rico em proteínas, é lançado em esguicho para a boca da cria, que não pode mamar porque não tem lábios. Durante esse período a cria é treinada, e quando a progenitora sai para a caça fica ao cuidado de outros membros do grupo.
Como todos os golfinhos, o Roaz-Corvineiro não possui olfacto, mas pode contar com uma visão exce¬lente e uma boa audição.
Esta população mantém-se vulnerável pela sua dimensão populacional e falta de medidas de protecção e fiscalização.
Estes Roazes Corvineiros do nosso rio Sado devem ser absolutamente protegidos e para isso a educação ambiental assume uma importância acrescida.
Os nomes dos novos golfinhos irão ser ainda atribuídos, depois de um processo que envolve a participação das escolas.
Quatro anos depois, o Sado tem novas crias de golfinho. E logo meia-dúzia, constituindo uma resposta muito positiva da Natureza.
Roazes Corvineiros do rio Sado; um orgulho para todos nós.