Partidarite aguda e associativismo

Partidarite aguda e associativismo

Partidarite aguda e associativismo

21 Abril 2022, Quinta-feira

As associações culturais, recreativas e desportivas têm uma tradição e responsabilidade histórica no concelho de Almada como elemento potenciador do envolvimento dos indivíduos      na vida das suas comunidades. O seu trabalho não pode ser substituído pela acção da Câmara Municipal (CMA), tendo um papel relevante a desempenhar na formação, capacitação e ocupação de tempos livres de muitos almadenses.

No entanto, estas associações, são hoje uma pálida imagem do que foram no passado. A maioria está debilitada, sem energia, com poucas actividades e vivendo de mão estendida na dependência financeira da CMA, com a sua autonomia e independência diminuídas, resultado de muitas se terem tornado, nas últimas décadas, num braço activo das políticas partidárias de governação do município.

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Enquanto umas sobrevivem outras, menos alinhadas politicamente, definham por falta de apoios financeiros e materiais. Tudo isto se acentuou fortemente com a terrível pandemia que vivemos. Por outro lado, constatamos também em muitas delas, a perpetuação no poder das mesmas caras que, faz décadas, lideram as referidas organizações. Dependência financeira e perpetuação no poder; factos que não podem ser dissociados na fraca dinâmica associativa que constatamos.

Não me cabe neste artigo individualizar situações mas sim sinalizar uma tendência negativa; a excessiva partidarização coage e diminui o papel do associativismo, não promovendo a renovação de líderes e dos agentes associativos e, por acréscimo, diminuído o seu caracter inovador e dinamizador que lhe está na essência. Os jovens estão totalmente alheados da participação e da liderança destas organizações, beneficiando por vezes delas mas nunca percebendo como podem também eles se envolverem nessa gestão, muitas vezes distante e fechada à sua colaboração.

Entendo o necessário papel destas organizações associativas no panorama cultural e desportivo concelhio e nacional, no entanto, recuso a partidarização das mesmas alimentada pela forma de financiamento da Câmara, extensível a muitos outros concelhos do Pais, elemento que fragiliza o papel do associativismo na sociedade civil.

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Proponho assim um novo modelo de gestão do financiamento baseado em dois princípios complementares:

  • Definição de regras claras e transparentes de atribuição de apoios, baseados no mérito dos resultados quantitativos alcançados e alinhados com um plano com objectivos e metas perfeitamente definidos e públicos;
  • Envolvimento directo dos munícipes na atribuição dos subsídios, através de um cheque-associação – datado para o ano corrente e parte do orçamento da CMA para as associações – entregue por esta a cada munícipe, para que eles atribuíssem à associação à sua escolha, o montante que a Câmara disponibilizou por cada cheque.

 

Estes princípios cumprem três objectivos fundamentais:

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  • Reduzem a dependência associativa das ligações partidárias à câmara, reforçando a autonomia dos clubes e associações promovendo a acção;
  • Envolvem directamente os munícipes na realidade associativa, abrindo a porta destas a novas gerações de almadenses;
  • Potenciam a ligação dos clubes e associações às empresas privadas do seu contexto geográfico, criando mensagens de valor e actividades que dêem a estas empresas notoriedade e visibilidade, retribuível com patrocínios e

A despartidarização do associativismo é condição central para termos clubes e entidades culturais e desportivas renovadas, promotoras de boas praticas e de relevantes actividades, sendo fundamental que os munícipes se empenhem fortemente em contribuir para a despartidarização, mas ao mesmo tempo para o seu rejuvenescimento, reconhecendo o valor social de associações independentes e dinâmicas ao serviço dos almadenses.

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