São bem diferentes as possibilidades que qualquer cidadão tem de participar no poder local que no central. Neste, para além da participação em manifestações contra as políticas do Governo, o que é importante, mas resta-lhe depois quase só o voto. O que, claro, ainda é mais importante, se for bem utilizado. No poder local, para além do voto, há diversas possibilidades. Aplaudir, criticar ou mesmo participar através de propostas ou sugestões. E essas possibilidades, são tão pouco aproveitadas! Refiro, sobretudo, à participação no período destinado à população nas Assembleias de Freguesia e Assembleias Municipais. É aí, na presença do Executivo e da oposição que qualquer cidadão pode, e deve, criticar, sugerir ou aplaudir o que achar por bem. Para si e para a restante comunidade. É aí, na presença dos que a representam, que a sua intervenção tem mais influência. E ainda apresentando reclamações, sugestões ou mesmo propostas nos serviços das juntas de freguesia ou das câmaras municipais.
É a tão importante participação cívica que é tão descurada. Refiro-o agora que estamos a dias de procedermos a essa escolha tão importante sobre os que nos irão representar nessa que foi uma das mais importantes conquistas do 25 de Abril; o Poder Local Democrático.
Mas a participação cívica é tanto mais eficaz conforme o interesse que tenhamos pela nossa terra, pelos nossos interesses e da grande maioria dos nossos conterrâneos. E para além desse sentimento altruísta, é também indispensável que estejamos o mais informados e esclarecidos possível sobre os candidatos individuais e, sobretudo, coletivos (partidos ou coligações) que constituem as respetivas listas concorrentes. Como disse no meu anterior artigo de opinião, “O SETUBALENSE, as Autárquicas e a Democracia”, este jornal através do conjunto de debates (14) com os cabeças de lista que promoveu na nossa região, deu um grande contributo nesse sentido.
Mas o interesse pela participação e pelo esclarecimento tem de partir de nós. Do nosso interesse pela coisa pública. Pela democracia. A mais importante conquista do 25 de Abril. Sem ela, nada feito. Seria de novo, o quero posso e mando de meia dúzia que nos imporiam, os interesses de uma ínfima minoria que voltariam a representar.
Mas muita coisa importante, estrutural, como hospitais, escolas, habitação social, estradas, etc. São da responsabilidade do poder central. E o poder central tem sido exercido às vezes com a participação do CDS, mas sempre pelo PS ou pelo PSD. Portanto, atenção a determinadas promessas dos representantes destes partidos e do que se diz contra o sistema, mas que é a pior face dele. O partido quase unipessoal que acha que o nosso grande problema são os imigrantes. Os que na sua grande maioria contribuem com o seu trabalho para o normal funcionamento do país, e não a injusta distribuição da riqueza. Resta-nos os partidos da oposição. Sobretudo o que sempre se bateu e bate por um país bem menos assimétrico e mais justo; o PCP/CDU.