10 Julho 2024, Quarta-feira

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Os sem terra

Os sem terra

Os sem terra

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10 Julho 2024, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Há quem diga que o nosso mundo tem excesso de população. Na realidade, países como a China e a India têm as maiores populações do planeta, de tal maneira que, por exemplo, a China durante muitos anos proibia os casais de terem mais de um filho, e tinha de ser varão.
Em muitos países deu-se uma fuga das populações dos campos para as cidades, com muitas a tornarem-se metrópoles com dezenas de milhões de habitantes, faltando mão-de-obra nos campos e havendo excesso de população em muitas cidades, com graves problemas de falta de casas para alojar tanta gente que se vê obrigada a dormir nas ruas em verdadeiros acampamentos de tendas. Mesmo em cidades onde reina a riqueza.
O problema de habitação acessível aos níveis salariais médios (já nem digo mínimos), mesmo em países ricos, é um facto inegável. A habitação enche os discursos dos políticos, mas é um problema que se mantém presente há muitas décadas. Um dos países considerado dos mais ricos, com alto nível de industrialização, de inovação tecnológica e de vendas ao estrangeiro, tomou recentemente medidas drásticas: Quem viver em tendas na rua pode ser preso! Boa solução para os olhos dos seus numerosos milionários!
Há décadas que vemos ondas de famílias inteiras fugindo das suas terras por nelas se não poder viver por – entre outras razões – as riquezas naturais se terem esgotado, exploradas para os países mais ricos. São multidões abandonando pequenos países da América do Sul e Central, caminhando para o Norte, ficando retidas no México, junto das barreiras erguidas pelos Estados Unidos da América.
São multidões que abandonam vários países do Sul de África caminhando milhares de quilómetros até darem de caras com o mar Mediterrâneo que têm de atravessar em barcos de lona ou borracha – vendidos por traficantes – que os carregam até “não caber uma agulha”, afundando-se muitos deles, fazendo do Mediterrâneo um enorme cemitério.
E os que chegam à Grécia, Itália ou mesmo às Canarias, são alojados em verdadeiros campos de concentração “à Nazi”, sem condições e onde permanecem tempos sem fim pois poucos países lhes querem dar guarida.
Um país de fortes tradições duma longa história, solucionou o grave problema enchendo aviões com esses migrantes fugitivos da fome ou da guerra que vai colocar num país africano com quem fez um contrato. O que lá fazem com eles não lhe interessa!
Este negócio de “carne humana” começa a trazer (mesmo até nós) ranchos de gente de países do oriente. A nós portugueses falta-nos mão-de-obra para as culturas intensivas que prosperam no Alentejo e Algarve e lá se fecham os olhos à maneira como são alojados e pagos! De longe em longe lá temos um caso transformado em caso de polícia!
Não se tem visto uma solução bem estruturada para este escândalo dos migrantes forçados que, quer queiramos ou não, são da responsabilidade dos países mais ricos! E pior! Há partidos políticos que se “encarniçam” contra os migrantes! São os partidos chamados da “extrema-direita” que estão progredindo por toda a Europa!
Muitos países onde se fala de ética, de honra ou de dignidade da pessoa humana, que na realidade são bem responsáveis por este drama, “não mexem uma palha” para uma solução desta tragédia que devia envergonhar muitos dirigentes de muitos países ricos. Eu sei que o progresso tecnológico cada vez mais acelerado, mais necessário à produção e à globalização, permitindo encurtar distâncias e localizar empresas em vários países, são processos imparáveis, mas, em vez de bombas e outras armas, não se poderia fabricar algo para o” bem comum”? Não seria possível investir e criar riqueza nalguns países donde se extraem essas “preciosidades” necessárias à alta tecnologia? Tudo isto é “cantiga celestial”, estando nós à beira duma guerra total e a entrar na reta final da sobrevivência das leis da nossa natureza também adulteradas pela mesma ganância de poder e riqueza que tem regido as nossas vidas! Este processo evolutivo iniciou-se há muitas décadas e houve um filósofo que colocou num dos seus livros, um louco com uma lanterna e gritando: “Onde está Deus? Onde está Deus?”
Eu, que acredito na existência dum criador, de Deus, que até esteve em “corpo humano” há dois milénios, sinto a responsabilidade de que , vivendo há quase 100 anos, pouco tenha contribuído para evitar que tenhamos chegado a esta dramática situação. Não pergunto onde está Deus? Mas onde estão (e têm estado!) os que se dizem cristãos?

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