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Os milhões atrás do lay-off da TST

Os milhões atrás do lay-off da TST

Os milhões atrás do lay-off da TST

16 Abril 2020, Quinta-feira
Joana Mortágua

No início do mês de março, a empresa Transportes Sul do Tejo decidiu recorrer ao regime simplificado de lay-off. O grupo Arriva, uma gigante internacional que detém a maioria da operadora, colocou em lay-of 68% dos seus 1500 trabalhadores em Portugal.

A empresa alega uma crise empresarial “porquanto a sociedade verifica uma paragem parcial na realização da generalidade dos serviços que efetua, através das carreiras urbanas, suburbanas e rápidas, bem como dos serviços regulares especializados e dos serviços ocasionais”. E, ainda, que no serviço público e devido à necessidade de proteger os motoristas foram adotadas medidas que impossibilitam a venda de títulos a bordo nas carreiras, bem como a validação dos títulos pré-adquiridos.

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O lay-off da TST só pode causar indignação. Desde logo, devemos perguntar se uma empresa com a dimensão internacional da Arriva tem necessidade de colocar a sua subsidiária portuguesa em lay-off, reduzindo significativamente o rendimento dos seus trabalhadores e sobrecarregando a Segurança Social portuguesa.

A Arriva é detida por uma multinacional alemã, a “Deutsche Bahn AG”, que tem resultados positivos desde 2015. Em 2019, lucrou 680 milhões e não consta que tivesse graves problemas financeiros, porque no ano passado distribuiu 650 milhões de euros em dividendos aos seus acionistas.

Por contraste, a TST é uma empresa agressiva na contenção dos direitos laborais e dos salários dos trabalhadores. Uma redução salarial para ⅔ de centenas de trabalhadores com baixos salários, a juntar-se aos milhares já existentes na região, vai agravar a crise social e económica na Península de Setúbal.

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Por outro lado, a TST é uma empresa concessionária do serviço público de transportes. Ou seja, recebe dinheiro público e tem obrigações contratuais de transporte de passageiros na margem sul. Essas obrigações contratuais não podem ser suspensas por decisão arbitrária da empresa.

No entanto, a empresa decidiu cortar, a partir de 9 de abril, todas as carreiras de e para Lisboa, garantindo apenas as carreiras que asseguram a ligação aos terminais fluviais e ferroviários. Fê-lo, mais uma vez, de forma abusiva e unilateral, deixando sem transporte tantos trabalhadores de serviços essenciais e milhares de pessoas que precisam de aceder a serviços de saúde e outro bens de primeira necessidade.

Deve ficar claro que o layoff, é uma medida excecional criada para responder à crise pandémica, que não pode ser aproveitada pelos TST para suspender ou modificar as carreiras de transporte público, aliás, em claro incumprimento do contrato em vigor.

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Com esta atitude inaceitável, mais uma vez fica provado o que a população já sabia: a concessão dos transportes públicos à TST é um desastre que tem de acabar. Mas a solução não é jogar outra vez na roleta russa das multinacionais de transportes que sugam o dinheiro público e maltratam os trabalhadores.

Por ironia, a solução foi apontada pela própria TST quando decidiu cortar as carreiras para Lisboa e encaminhar os passageiros para a Transtejo/Soflusa, uma empresa 100% pública. Ficou claro quem abandona a população e quem exerce serviço público. É disso que precisamos, uma carris da margem sul.

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