O que se passa no Médio Oriente, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, também na Síria e no Iémen, deveria preocupar toda a gente. Para além de preocupar, sobretudo em Gaza, onde já foram mortas mais de 42 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, não deveria só preocupar! Deveria consternar e indignar. Há imensas crianças feridas e amputadas, ainda por cima, órfãs e sem qualquer familiar vivo. Além disso, como em nenhum outro lado, foram mortos tantos jornalistas, médicos, professores, funcionários da Nações Unidas. E, como se sabe, campos de refugiados, mesquitas, hospitais, escolas, têm sido bombardeados. Até por falta de tratamento médico e de fome, ali se morre. Como também se sabe, Israel, sadicamente, impede o socorro. O abastecimento alimentar, água potável e combustíveis.
Mas, evidentemente, há gente consternada, indignada e solidária com aqueles povos. Sobretudo com o que tem sido mais massacrado, o povo palestiniano. E têm demonstrado esses seus nobres sentimentos publicamente.
Entre nós, para além de outras manifestações anteriores, teve lugar de 2 a 12 deste mês, uma jornada nacional de solidariedade convocada pelo CPPC, pela CGTP-IN, pelo MPPM, e pelo Projecto Ruído – Associação Juvenil, que percorreu as ruas de 19 localidades: Coimbra, Portalegre, Setúbal, Covilhã, Alpiarça, Viseu, Porto, Évora, Guarda, Leiria, Beja, Viana do Castelo, Espinho, Braga, Faro, Sines, Funchal, Vila Real, Lisboa e porque tinha sido adiada devido ao mau tempo, na passada sexta-feira, em Castelo Branco.
Portanto, foram milhares a exigir o fim da barbárie. Mas podiam ter sido muito mais, se tivessem tido conhecimento desta grande iniciativa. Não tiveram, porque a comunicação social dominante, não a divulgou. Não tiveram, porque os partidos à direita do PS e este incluído, não aderiram nem convocam outras manifestações mais ou menos idênticas. Apesar das atrocidades referidas cometidas por Israel. Como se sabe, elas são cometidas, porque os EUA sempre deram todo o apoio ao Estado que as comete. Apoio militar e diplomático, mesmo quando são violados os princípios do Direito Internacional e da ONU. Desrespeitadas dezenas de resoluções aprovadas pela sua Assembleia Geral, sempre com os votos contra, da potência que se arvora em paladina da democracia e dos direitos humanos. E os partidos citados, assim como os seus congéneres pelo mundo fora e os governos que constituem, numa indigna subserviência.
Portanto, como é mais que evidente, muito longe de serem os mais básicos sentimentos humanistas, que os guiam. O lucro e a pretensão de hegemonia, falam mais alto. Mas o condicionamento e a manipulação de massas e o mal, não duram sempre. Cada vez mais gente, exigirá que se respeite o nosso semelhante.
Neste caso concreto e noutros parecidos, desde que se tenha pelo menos algum conhecimento concreto, quem é que não se indigna e se comove?
Os defensores da paz não desanimam. Antes pelo contrário. E os outros, serão cada vez menos.