Obras por acabar não servem ninguém

Obras por acabar não servem ninguém

Obras por acabar não servem ninguém

14 Janeiro 2020, Terça-feira
Manuel Henrique Figueira - Munícipe de Palmela
Manuel Henrique Figueira – Munícipe de Palmela

 

Em dezoito de Junho passado, no «Reparo do dia» deste jornal, referi uma pequena obra muito urgente a fazer, perto da Estação Ferroviária de Palmela, composta por duas partes.

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Era muito urgente porque há muito tempo que uma pessoa em cadeira de rodas circulava pela faixa de rodagem, pois não podia atravessar as passadeiras de peões, subir e descer o passeio.

Uma parte da obra era junto à rotunda norte, em duas vias que nela confluem. Faltava rebaixar dois separadores triangulares no eixo das vias (chamados «ilhas», construídos com lancis com rampa íngreme em volta e com o pavimento superior muito alto em relação ao pavimento das vias, impedindo o seu atravessamento por pessoas em cadeira de rodas, por carrinhos de bebé e por malas de viagem com rodas). Estranhamente, as duas passadeiras de peões foram pintadas nas faixas de rodagem, precisamente, no centro desses dois separadores, o que obrigava os peões a passar por cima deles.

Outra parte é junto ao Colégio Aires Real, a cerca de trezentos metros da rotunda norte (indo pela estrada desde a Estação à localidade de Aires), onde ainda falta fazer isto: reparar os mosaicos do pavimento do passeio em frente ao colégio (partidos e afundados, há anos, por um camião que circulou no passeio ao longo do lancil, numa extensão de quinze metros. Ao chover forma-se uma extensa e funda poça de água e, no dia-a-dia, as cadeiras de rodas também não podem circular, pelo risco de tombarem); e falta, também, rebaixar os dois passeios (do lado do colégio e em frente deste); e falta, ainda, pintar uma passadeira de peões na estrada, a unir os dois passeios rebaixados.

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O Executivo da Câmara decidiu fazer a obra (que custou dez mil e novecentos euros), iniciada em Novembro e acabada em treze de Dezembro, pelo que o estaleiro de máquinas e de materiais foi levantado há um mês.

Mas a totalidade da obra não foi concluída, foi a parte junto à rotunda, mas falta a parte junto ao colégio. E a pessoa em cadeira de rodas continua a circular pela faixa de rodagem, pois se agora já consegue atravessar a estrada, junto à rotunda, e subir para o passeio, no final do percurso, junto ao colégio, não consegue descê-lo, atravessar a estrada, subir o passeio em frente e continuar pela Av. Cidade da Praia.

A decisão de fazer as obras é do Executivo da Câmara, mas não é o Vereador do pelouro nem o Presidente que tratam do processo a seguir: é um chefe de serviços ou um técnico superior (se a obra é feita com os recursos internos ou por uma empresa externa) e a Divisão de Fiscalização. Neste caso, ou o caderno de encargos não tinha toda a obra a fazer, ou não foi fiscalizada.

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Quando eu critico a Câmara por não prover as necessidades básicas dos munícipes, não tenho intenções obscuras: os exemplos que dou são bem claros. Nem tenho prazer nisso, gostava mais de não ter motivos para o fazer: isto cansa e eu gostava de poder descansar.

Esta estrada, de setecentos metros, entre a nova Estação (inaugurada em 2004) e a localidade de Aires (não sei se foi construída pela REFER, no âmbito da obra da Estação, se foi pela Câmara), é um calvário para milhares de munícipes há quinze anos. Betuminaram a velha estrada de terra batida, mas ficou quase toda sem passeios entre a EB1/JI e a Estação: só num pequeno troço se circula em segurança (o referido nesta obra). No resto, ou não há passeio, ou tem uma largura de quarenta a sessenta centímetros, ou não tem pavimento nem largura que permitam circular. Só visto, contado parece pura invenção minha. Palmela já não tem a mobilidade como lema? E a ciclovia de Aires irá chegar à Estação pelo ar? Não há normas legais a seguir na construção dos passeios? Ou é só para estarem no papel e ninguém as cumprir?

Se foi a REFER que construiu a estrada, há muito que a tutela é da Câmara, pois está numa zona urbanizada, não é estrada nacional e continuou o nome da rua a que dá continuidade: rua Fundadores do Airense.

Se uma Câmara não satisfaz a tempo e com competência problemas tão simples como este, mas que tornam a vida dos munícipes infernal, para que serve? E há tantos problemas semelhantes no concelho.

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