O Seixal do nosso descontentamento

O Seixal do nosso descontentamento

O Seixal do nosso descontentamento

29 Outubro 2024, Terça-feira
Presidente da Juventude Socialista do Seixal

“Somos um concelho jovem e com grande futuro”. “Seixal, um concelho para viver, conhecer, investir e inovar”. É esta a narrativa oficial de quem governa o município do Seixal há 50 anos. Mas analisemos a vida de um típico Seixalense. Chamar-lhe-emos Maria. Vamos dizer que Maria tem 42 anos. Não é especulativo dizer que trabalhará em Lisboa. Certamente trabalhará na margem norte.

Maria gasta pelo menos 1h30m na sua comuta diária. Se for de comboio tem o privilégio de poder viajar num comboio completamente apinhado (quiçá ter a cara ali mesmo encostada à axila do próximo contribui para o sentido de comunidade). Infelizmente Maria tem de ir de carro e por isso é necessário somar a despesa da gasolina.

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No regresso a casa, enquanto ouve o seu podcast sobre como poupar algum dinheiro, terá certamente tempo para contemplar as lindas paisagens do nosso município (certamente estará parada em alguma fila de trânsito algures por aí, engalfinhada numa nuvem de fumo diesel e poluição). Na fila do trânsito Maria olha para o lado e vê um autocarro, também ele completamente cheio (cá está o espírito de comunidade atrás referido), também ele parado. “Desgraçados..” pensa Maria.

“Se apenas eu não tivesse que ir trabalhar todos os dias para Lisboa…” lamenta Maria. Finalmente chega a casa. Maria tem dois filhos com o seu parceiro. Infelizmente o mais novo não teve lugar na creche pública (o Sr. da Câmara Municipal diz que a culpa é dos mauzões do Governo), o mais velho já fala em emigrar. Mesmo assumindo que vá ganhar mais do que os seus pais, diz que não conseguirá nunca sair de casa.

Entre o cantar desafinado do 3º Esq. e a gritaria do 1º Dir. vivem Maria e sua família (o empreiteiro que lhes construiu o prédio nos anos 90 colocou o isolamento acústico e térmico no bolso). É sexta-feira. Ufa. Vem aí o fim de semana e em grande comoção junta-se a família para decidir o que vai fazer no dia seguinte. No meio de tanta hesitação e pouco entusiasmo.. o pai remata: “bem, temos sempre o centro comercial do Concelho..”.

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Para a CDU todo o seixalense é um felizardo, porque no fundo podia ser muito pior e viver no Seixal é um privilégio. Como diria o Dr. Pangloss ou os camaradas da CDU: “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”. Isto não é verdade, hoje, o Seixal é uma terra adormecida e cinzenta. No fundo, Maria sabe que é possível um futuro melhor.

Um futuro com mais esperança e com melhor qualidade de vida. Com mais e melhores espaços verdes, com planeamento urbano, transportes públicos ágeis, políticas públicas de habitação para a classe média e sim, com políticas ativas de atração de empregos qualificados para o concelho do Seixal (não se compreende como não existem espaços de escritórios dignos desse nome no Seixal).

Temos de ter a ambição de competir com Almada, com o Barreiro e sim com Odivelas ou Oeiras (pasme-se), na atração de empresas e de emprego, para que a Maria e outros tantos não tenham de ir todos os dias para a margem norte trabalhar. Parafraseando Shakespeare. “agora é o inverno do nosso descontentamento/tornado em glorioso verão por este sol…” de Democracia e Mudança. Assim o escolham os Seixalenses. Falta apenas 1 ano.

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