Já todos percebemos que temos pela frente uma longa caminhada, porque cada passo deve ser dado com os pés bem assentes na terra, para não deitarmos tudo a perder.
E no que respeita ao relançamento da economia, essa caminhada está muito dependente da forma como o Governo conseguir travar a onda de despedimentos que continua a avançar e da forma como o governo conseguir garantir a sobrevivência das MPME, que sendo fundamentais na nossa economia, estão muito dependentes da procura interna.
E como se adivinha, mesmo quando o país começar a mexer, o mercado interno vai demorar a chegar a níveis desejáveis, uma vez que, com esta crise, a generalidade das famílias perdeu poder de compra de forma muito acentuada.
Ora, sem procura interna, a vida das Pequenas Empresas vai continuar num estado muito critico, mesmo depois da crise sanitária.
Por isso é necessário alargar os apoios às pessoas que hoje não têm apoio, prolongar no tempo os apoios que apenas estão previstos para Estado de Emergência, e é necessário manter os apoios às Pequenas Empresas.
Mas a caminhada podia ser mais curta se, por exemplo, o Governo obrigasse os bancos a garantir o acesso às linhas de crédito a todas as Pequenas Empresas que reunissem os critérios definidos pelo Governo. Assim, os bancos vedam o acesso às linhas de crédito às Pequenas Empresas que entendem, mesmo que reúnam os critérios legais, obrigando ao seu encerramento.
Apesar de tudo, desta crise podemos tirar algumas conclusões e olhar para ela como uma oportunidade de repensar as prioridades que têm norteado as nossas vidas, a forma como vivemos, produzimos e consumimos.
Antes de mais sai reforçada a necessidade de se investir a sério no SNS e na valorização dos seus profissionais.
Ficou também claro que temos de nos virar para a produção nacional e recuperar a nossa soberania alimentar.
Fazer renascer os mercados de proximidade e os pequenos circuitos de distribuição que são fundamentais para os agricultores poderem escoar os seus produtos, e dar corpo ao Estatuto da agricultura familiar que não há meio de sair do papel.
É preciso ainda reequacionar o papel do estado na economia e colocar a banca ao serviço do relançamento da economia, em vez de se continuar a transferir recursos públicos para apoio à banca privada, recursos que são indispensáveis para o desejável relançamento da economia.
É tempo também de avaliar as Parcerias Público Privadas e colocar um fim na batota legal que os paraísos fiscais representam e de outras imoralidades que nos fomos habituando a aceitar como normais, desde logo o brinde que é dado às grandes empresas que ganhando os seus lucros no nosso país, colocam a sua sede fiscal em países como a Holanda, para não pagarem os impostos cá.
São milhões de euros que podem ser canalizados para garantir apoios às famílias que estão numa situação desesperada e para apoiar as pequenas empresas, para que estas possam dar o seu contributo no relançamento da economia.
Do que se trata é de opções e é de opções que falamos.