O fulano é uma personalidade complicada. Ofendeu, mas acha que o ofenderam. Chocou, mas diz-se chocado. E não pede desculpas porque se considera credor delas.
Um tipo bem-parecido, desempenado, elegante, um charmoso, no dizer do mulherio maduro, ministro do seu país e alto dirigente europeu, bem instalado na vida, de que mais precisará para ser feliz, cortês e respeitador dos outros? Vai-se a ver, é de uns copos de bom tinto ou branco, que ele não tem e jamais terá na terra muito bem organizada onde nasceu. Ou então, é de uns calorosos conchegos com mulheres, de que o jeitoso estará carecido vá lá saber-se porquê, já que fêmea de homem é material que sobeja na sua mui civilizada Holanda, onde as expõem em montras para freguês comprar.
O que não falta numa parte da Europa proclamada comunitária, unida e solidária, é tropa desta, que se diverte a colar rótulos indignos e a amesquinhar a outra parte dos europeus. Vendem-lhes muito mais do que lhes compram, enriquecem à custa do desequilíbrio altamente favorável para as suas balanças comerciais, ao mesmo tempo que vão apoucando à medida dos humores e ditando leis e impondo sanções que impedem o desenvolvimento e empobrecem ainda mais os que já são pobres. Dijsselbloem e Schäuble têm sido dos mais expeditos e encarniçados porta-vozes da imaculada irmandade que se conluia na ofensa às nações do sul, com vilezas do mais reles calibre. A moléstia de que padecem tem um nome: xenofobia. São xenófobos empedernidos, estes fulanos. Se quem nos representa não o diz, digamo-lo nós, que somos os diretos destinatários dos continuados remoques e insultos desta corja.
Lembro o nosso Almada Negreiros e a sua diatribe ao Dantas, e apetece-me desancar este holandês de olhar raposino, ar de rapazola levantado e lata de charlatão de feira:
O Dijsselbloem é um tartufo arrogante!
O Dijsselbloem cheira mal da boca!
O Dijsselbloem usa cuecas de renda com lacinhos!
O Dijsselbloem calado é um poeta!
O Dijsselbloem é um estafermo!
O raio que parta o Dijsselbloem!
Pim!
É que estou mesmo zangado com os Dijsselbloem e os Schäuble desta vida. Se os tipos são europeus, eu quero ser asiático. O raio que os parta a todos! Pim!