29 Junho 2024, Sábado

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O professor, as aulas e a guerra na Ucrânia

O professor, as aulas e a guerra na Ucrânia

O professor, as aulas e a guerra na Ucrânia

, Professor
29 Agosto 2022, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Esta é uma história com que me cruzei meramente por acaso nas minhas pesquisas pela imprensa digital, que confirmei ulteriormente a sua veracidade e que vou passar a contar.

Fedir Shandor de seu nome, está a lutar na frente da guerra, alistado no exército ucraniano, longe de casa e da universidade onde lecciona, mas continua a dar aulas aos seus alunos. “O barulho de explosões não afecta as aulas, parece o som de um tractor”, garante.

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Equipado com o seu uniforme militar e com a espingarda, Fedir Shandor dá aulas até em trincheiras através do telemóvel do Ministério da Defesa ucraniano

O referido ministério partilhou a história deste professor universitário, que se voluntariou para lutar no exército ucraniano e que continua a dar aulas, mesmo estando na frente de guerra.

Oriundo da parte oeste da Ucrânia e descendente de húngaros, Fedir Shandor está a lutar a “mil quilómetros” desde sua casa e da Universidade Nacional de Uzhhorod, onde lecciona curso de turismo.

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Equipado com o seu uniforme militar e com a espingarda, Fedir Shandor dá aulas nas trincheiras através do telemóvel, usando umas notas em papéis que tem a seu lado. Em comunicado da Universidade Nacional de Uzhhorod, o docente fez questão de sublinhar que as aulas são “sagradas”. “Não podem ser perdidas.”

Fedir Shandor reconhece que o ambiente não é o melhor, mas desvaloriza as condições de trabalho. O docente indica ainda que lecciona sempre perto do abrigo onde dorme.

De acordo com a NBC, Fedir Shandor dá sempre as aulas todas as segundas e terças-feiras às oito da manhã, sendo que, desde o início da guerra, nunca faltou a nenhuma. Para que tal aconteça, os comandantes permitem que o docente universitário não faça o turno de madrugada.

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Esta história foi por mim apresentada aos meus alunos do Agrupamento de Escolas Lima de Freitas. Os alunos estavam atentos enquanto a história decorria, com a apresentação de imagens do referido docente, munido do seu equipamento militar completo.

De seguida, choveram de imediato as perguntas: “Então e os alunos estão a assistir?” “Não ficam com medo que o professor seja ferido ou morto?”;“Como é que o professor prepara as aulas?” ;“Como é que o professor se consegue concentrar com as bombas a cair?”; “Turismo? Que disciplina tão estranha para ensinar no meio da guerra, não acha?”.

No final, os alunos concluíram:”Deve ser um excelente professor!”.

Deve ser. Seguramente.

Ser professor é ter uma relação de proximidade, respeito, carinho e afecto com os seus alunos, ensinando-lhes atitudes, valores e conhecimentos.

Não existe nenhum professor que não fique fascinado e seduzido com uma história rica e inspiradora como esta, a do nosso colega ucraniano Fedir.

Sem quaisquer condições objectivas, no meio do stress provocado pela guerra, ainda arranja tempo para estar concentrado e atento aos seus alunos.

Não tenho qualquer dúvida que são aulas onde os alunos marcam seguramente a sua presença, onde ninguém falta, afirmando dessa forma o enorme respeito e carinho que este docente ucraniano lhes deve merecer.

A eles e a todos nós.

Esta é uma atitude que nos eleva o espírito, revelando-nos o que de mais nobre existe na natureza humana.

Com estas aulas em directo da guerra, Fedir Shandor resgata o nosso sentido de humanidade, com toda a resiliência de um povo que não se verga à opressão.

“Estamos a lutar para termos uma nação instruída”, afirmou.

Claramente. Nunca estes alunos se esquecerão deste professor ao longo das suas vidas.

E isso, em derradeira análise, é aquilo que realmente conta.

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