O voto é a arma do povo. O povo vota sempre bem. As explicações são simples. Não vale a pena valorizar ou desvalorizar as circunstancias e os contextos de atuação, com exceção dos que não querem ver ou se recusam a ver. Mas esses não contam. O tempo se encarrega de andar para a frente.
Os diversos atos eleitorais servem para fazer escolhas. Para os órgãos de soberania Assembleia da República, Presidência da República, para as Autarquias Locais Municípios e Freguesias para o Parlamento Europeu. As escolhas ditam sempre ganhadores e perdedores ou também designados vencedores e vencidos. Prefiro a primeira designação, pois como dizia Mário Soares «só perde quem desiste de lutar».
Os ganhadores ficam satisfeitos e contam as histórias da sua ação, da sua candidatura, do seu projeto, das suas propostas, dos seus louvores, do seu sucesso de vencedores que os cidadãos eleitores ouviram, entenderam e votaram, elegeram, deram a vitória. É assim mais coisa menos coisa. É natural.
Do lado dos perdedores justificam-se e argumentam muitas vezes que são melhores, apresentaram melhores propostas, projeto, mas que o povo, os eleitores não entenderam, vociferando por vezes até que «o povo tem o que merece», que escolheram mal, votaram em quem não merece, que a seguir é que vão ver a diferença, mais isto e mais aquilo… «com gente assim não passamos da cepa torta». É natural.
Nada disto é novidade. Mas nos tempos de hoje com as formas de comunicar, os média e a Internet ,com mensagens sem fim no facebook, as diversas narrativas e os factos alternativos, disruptivos, com a omissão de realidades, prevalecendo a mensagem que se quer fazer passar mesmo desajustada da realidade, inventada, ficionada o que importa é a expectativa, a ilusão, a emoção do momento presente.
Neste quadro, ganhadores e perdedores reagem de acordo com resultados obtidos pela perceção adquirida pelos cidadãos, pelos eleitores, pelo povo que pode não corresponder há realidade.
Os eleitores, o povo votam sempre bem mesmo quando votam contra nós. A responsabilidade das vitórias e das derrotas é das candidaturas. Quando uma força política, um cidadão, um grupo de cidadãos ganha é porque fez passar as suas mensagens que foram entendidas e atendidas. Na vitória a perceção que passou foi a da razão, da melhor solução, mais garantia, mais confiança. As realidades até podem ser bem diferentes e antagónicas. Perceção e realidade são bem diferentes. Há realidades que são assustadoras para quem conhece, entende, lida com elas. Mas isso não passa ou não passou não é conhecido. O que importa é a perceção que se tem, que se transmitiu e propagou, fez o seu caminho.
Perceção e realidade são duas faces da mesma moeda cada vez mais afastadas pela multiplicação de transmissores das mensagens. Só quando se entra em contacto com a realidade, ou realidades se pode tomar consciência se houve engano, logro, embuste, mentira. Até aí a perceção é que comanda, tudo anima.
Política é perceção. Bom seria que perceção e realidade andassem próximas, juntas, de mãos dadas. Pelo contrário, estão hoje cada vez mais afastadas pelas batalhas da comunicação, neste tempo desconcertado, em busca de mudança de paradigma. Parece uma coisa mas às vezes é outra diferente.
Parabéns ao Partido Socialista pela grande vitória. Parabéns a todos os eleitos.