É unânime o potencial turístico do Barreiro, fruto da sua localização e património histórico, cultural e natural. Inclusivamente, numa das primeiras decisões tomadas pelo actual executivo, inaugurou-se um posto de turismo, junto à estação fluvial. Apesar de reconhecer o esforço e mérito da iniciativa e acreditar na vontade de tornar o Barreiro numa referência turística e de dar a conhecer a cidade aos (poucos) turistas que fazem o passeio de barco pelo Tejo, não se começa a construir uma casa pelo telhado.
Estando a 20 minutos de Lisboa, que vive, provavelmente, o maior boom turístico da sua história moderna, o Barreiro, apesar de ter muito para oferecer, não oferece aquilo que em Lisboa é cada vez mais escasso ou excessivamente caro: oferta hoteleira. Se uma determinada oferta é escassa e a procura é crescente, não aproveitar a oportunidade, mais que um erro político, é falta de visão estratégica.
É certo que não cabe à autarquia local, por sua iniciativa, a construir hotéis ou hostels. Mas caberá ao executivo camarário criar as condições para tornar o concelho atractivo a tamanho investimento. Seja pela via burocrática, facilitando processos, seja pela via fiscal, reduzindo taxas e impostos para novos investimentos ou reabilitação urbana. E, também, não ficando à espera. Não ficando à espera que o sector hoteleiro se lembre desta cidade com vista para Lisboa. Ir atrás, ter iniciativa, reunir com empresas do sector, abrir as portas da cidade ao investimento. Num mercado altamente competitivo, quem arrisca, quem tem iniciativa, quem procura o sucesso, normalmente consegue isso mesmo. E não se pense que investir na oferta hoteleira é transformar o Barreiro num dormitório, como inclusivamente já é conhecido. Investir na oferta hoteleira é atrair empregos para os barreirenses (o que diminuirá a necessidade de sair do concelho para trabalhar e ajudará a reter os nossos jovens), é dar vida à nossa restauração e ao comércio local, é dar um novo brilho à cidade, com mais pessoas, mais movimento e mais experiências para se partilhar. E é dar a conhecer o melhor da nossa cidade.
Em 2017, foram 14 milhões de dormidas em Lisboa. 14 milhões de oportunidades que o Barreiro tem de agarrar.