Pelo menos o Barreiro e Palmela já manifestaram a sua preocupação por Almaraz, nada mais podem fazer. Durante cerca de 40 anos pouco ou nada se ouviu falar de Almaraz e a central esteve estes anos a laborar no mesmo sítio, no Tejo. Seja como for o fecho da central, quando acontecer, será muito mais exigente e complicado que a sua operação. Um grupo de ativistas bem intencionados aproveita o tema para se fazer ouvir.
Quase tão perigoso como o nuclear são os argumentos que se ouvem no nosso país. A opinião pública e o governo vão atrás da retórica desfocada do essencial. Tudo isto parece que se reduz à necessidade de uma avaliação de impacte ambiental transfronteiriça e de uma queixa a Bruxelas como nunca antes tinha acontecido. Quem conhece um pouco de avaliação de impacte ambiental (AIA) sabe honestamente que, infelizmente, a esmagadora maioria das vezes este procedimento é um proforma legal que se ajusta às conveniências dos promotores; bem à medida. As decisões estão quase sempre tomadas e o elencar de um conjunto de medidas de minimização não resolve o “problema” mas serve para acalmar a corte. Comparar este folclore com a importância e interesse económico e social de Almaraz é ridículo. Isto não significa que o risco não exista e que não deva ser acautelado com toda ciência e meios tecnológicos disponíveis. Ora, na presente situação o tema tem um potencial elevado risco e a coisa não se resolve com um estudo como se reclama. Vai-se por aqui porque nada mais se pode pedir ao governo espanhol e na verdade o eventual estudo na prática pouco ou nada iria alterar. Sobre a queixa a Bruxelas devemos saber que esta não tem efeitos suspensivos e nada altera as intenções do governo de lá. Muito provavelmente quando Bruxelas disser alguma coisa obra já estará numa fase avançada.
O fecho de Almaraz, por tudo o que se tem dito e escrito, é o único final que se aceita como bom? Sei e todos sabemos que o aterro de resíduos nucleares vai ser construído, o que do lado de cá se deve exigir é conhecer detalhadamente o projeto, as medidas de segurança que vão ser tomadas e o programa de monitorização. Isto é, aproveitar a “boleia” para garantir que as intervenções em Almaraz diminuem o risco, mas não, como quase sempre é o faz de conta. Entretanto é inaceitável que alguém diga (Governo) que o país está preparado para tudo (acidente nuclear).