É indiscutível que atravessamos uma época de uma crise incomensurável, e não apenas pela pandemia que não deixa nenhum canto do nosso planeta em sossego, mas igualmente pelo gravíssimo problema ecológico em que todos estamos envolvidos e a todos ameaça. Mas será que estamos conscientes de que se não ouvirmos as vozes dos que nos avisam desses perigos corremos sério perigo? Da pandemia os meios de comunicação social, em especial a televisão que presentemente entra em todas as casas, estamos bem conscientes pois as noticias das mortes, nalguns países aos milhares por dia, a todos impressiona, lado a lado com as imagens impressionantes dos hospitais soterrados em doentes graves. Alem de que os apelos à vacinação e a audição de peritos e cientistas não deixam que este problema seja posto de lado. Quanto à gravidade dos problemas ecológicos a repercussão nas opiniões públicas o caso é diferente pois os efeitos e as ameaças da possibilidade próxima do desaparecimento de condições de habitabilidade da nossa “mãe terra” não é compreendida por muita gente, atrevo-me a dizer -pela maioria das pessoas. E no entanto para a pandemia vai surgindo a convicção de que estamos no caminho de a vencer, enquanto que os mais dois graus da temperatura média em Portugal, o avanço do mar “comendo” a nossa costa aos poucos aqui bem próximo de nós na Caparica, ou vendo cair algumas arribas lá pelo Algarve, não faz sentir o perigo. Mesmo que as notícias nos deem conta de maior número de tempestades cada vez mais violentas, ou a imagem dos gelos polares a derreterem-se ou o aparecimento de certas doenças “novas” em zonas onde nunca apareciam, isso não convence a maioria das pessoas da tal gravidade anunciada pelos técnicos – e no entanto se arranjamos solução para a covid19, a realidade é que não temos outra opção para o definhar do nosso planeta pois nem a lua nem marte são soluções alternativas. E a verdade é que em Portugal a temperatura média subiu 2 graus e se anuncia um verão com temperaturas de 40 graus!
E no entanto há quem nos diga que a crise provocada pela pandemia, crise sanitária mas também crise económica e social, é uma oportunidade para, sobre essas “ruinas” se construir uma sociedade nova que corrija os defeitos desta em que vivemos – sociedade que produz muito sem olhar às consequências nefastas, por exemplo, das culturas intensivas (são impressionantes as imagens das imensas áreas de estufas bem junto à costa vicentina ou as áreas imensas de plantação de oliveiras no nosso Alentejo) e alem de muito produzir não sabe distribuir, o que tem levado ao paradoxo de aumentarem os ,milionários …em simultâneo, os pobres !– Não podemos esquecer que até o homem se constrói a si próprio e por isso tem capacidade para construir um mundo novo.
Transfiram para este objetivo tão nobre e necessário toda vontade que têm exercido na luta contra a pandemia deste coronavírus. Sabemos que será uma tarefa difícil pois é dificil destronar o grande capital do total controle da vida política, mas esta será uma tarefa para os cidadãos ativos do futuro – os jovens !
Estamos perante um verdadeiro desafio que é aproveitar este abalo da nossa sociedade provocado pela pandemia. É provável que não tenhamos outra oportunidade de fragilidade do nosso “sistema”!
O Papa Francisco é a figura pública que mais insiste neste desafio – ouçamo-lo!