O Delta em que temos de pensar

O Delta em que temos de pensar

O Delta em que temos de pensar

24 Junho 2021, Quinta-feira
Rui Carvalheira

Nos bancos da escola ensinaram-nos a usar letras do alfabeto grego para designar constantes e outros valores, dos quais o mais famoso é seguramente o PI, comos 3,1416… que tantas horas de sono tirou a vários de alunos um pouco por todo o mundo.

Mas a letra grega do momento, que inunda todos os noticiários é o delta. Na matemática e na física delta designada comumente uma variação, ou seja, a diferença de valores que uma qualquer grandeza qualquer assume em dois pontos distintos. E é isso que acaba por ser peculiar com esta nova mutação do corona-vírus, originária do Nepal, sendo ela uma sub-mutação de uma outra com origem na Índia. Esta mutação mostra-nos as diferenças cada vez maiores existentes entre o mundo ocidental rico e os países sub-desenvolvidos e pobres. Esta nova mutação mostra-nos também que as ondas de choque com origem nesses países mais frágeis, acabam sempre por ter repercussões mais ou menos graves nos países ocidentais.

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Estes países logo após a descoberta das vacinas adoptaram, e bem, processos de vacinação generalizados com o único fito de se conseguir alcançar a tão importante imunidade de grupo. No entanto com a sobranceria típica do capitalismo selvagem, foram adoptadas posturas egoístas, com retenção e açambarcamento de doses das vacinas, com o fito de assegurar o maior número de doses e mesmo obter disso algum benefício económico explorando mais uma vez os países mais frágeis.

O que as mentes brilhantes do neo-liberalismo não tiveram em linha de consideração, que deixando os países pobres abandonados à sua sorte, enfrentado esta crise sanitária sem qualquer tipo de apoio ou de planos de vacinação, novas e cada vez mais fortes e mais transmissíveis mutações que irão alastrar pelos quatro cantos da terra, e que podem comprometer seriamente todos os planos de vacinações já em andamento e deitar a perder todo o esforço que conseguimos alcançar.

É imprescindível que, mais do que enviar doses para África ou mesmo para a Ásia, se liberalize as patentes das vacinas para que países mais pequenos possam também, se possível, produzir na sua terra, as vacinas que irão possibilitar a que a imunidade de grupo seja alcançada a uma escala global.

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O paradoxo “deste delta” é que mostrando as diferenças abissais entre dois mundo e duas realidades completamente distintas, vai acabar mais cedo ou mais tarde por alastrar de um modo muito célere para os países mais ricos e anulando assim as grandes diferenças entre o mundo rico e o mundo podre.

A “delta” é mais uma das muitas variações que teremos de vir a enfrentar e que colocará em risco um número muito elevado de pessoas, e seguramente não será a última. Temos por isso de adoptar todas as medidas necessárias, para que nunca cheguemos a ter de enfrentar a mutação ómega.

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