No último artigo que aqui escrevi falei sobre Maria das Dores Meira e do pouco que fez pelo concelho para onde agora quer regressar sob a farsa de ser candidata independente. Nessa altura, estava longe de imaginar que a pouca transparência do seu mandato viesse a ser notícia num canal generalista. Mas foi. E ainda bem!
De acordo com o canal de televisão generalista cujo dono é um dos fundadores do PSD, o Ministério Público está de olho nas despesas de Maria das Dores Meira, especialmente naquele que foi o seu último mandato na Câmara Municipal de Setúbal, quando vestia orgulhosamente a camisola dos comunistas.
Ora, segundo o que nos é dito pelo tal canal de televisão, as despesas de Maria das Dores começaram a ser investigadas no ano passado, despesas estas que dizem respeito ao período entre janeiro de 2017 e outubro de 2021 durante o qual a então autarca da CDU gastou mais de 97 mil euros.
Com os cartões de crédito da autarquia, que eram dois e juntos tinham um plafond de 9 mil euros, Maria das Dores andou de limusine em Nova Iorque, fez um passeio de autocarro turístico e ainda fez uma refeição de lagosta.
No Japão, Maria das Dores e a sua comitiva de seis pessoas passearam-se por várias cidades, ao invés de se dirigirem diretamente para Toyama onde viria a decorrer o Congresso das Mais Belas Baías do Mundo.
Mas ainda há mais. A candidata que quer agora voltar para o comando do município de Setúbal recebeu ajudas de custo de mais de 17 mil euros, tendo recebido dinheiro da autarquia para deslocações que fez no seu carro, apesar de ter uma viatura da autarquia à sua disposição.
É caso para perguntar: e os capitalistas, somos nós?
Maria das Dores Meira não foi ainda julgada, é um facto. Mas a verdade é que as provas existem e mostram um gasto injustificável do erário municipal.
A agora candidata que diz cortado laços com o PCP gastou fortunas em viagens e passeios quando podia – e devia – ter gasto fortunas com obras de remodelação e ampliação no Hospital São Bernardo, com obras de remodelação de escolas onde chove lá dentro e onde ainda existem vestígios de amianto.
E estes são apenas alguns parcos exemplos do que Maria das Dores podia ter feito pelo município e não fez. Mas agora quer voltar. E eu pergunto: uma pessoa que usou indevidamente dinheiro dos munícipes em viagens, a andar de limusine e a comer lagosta é um bom autarca? É um autarca em que as pessoas possam confiar? É um autarca que possamos acreditar que vai trabalhar pelo bem do munícipe e não pelo seu próprio bem? A resposta é bastante simples: é claro que não.
A menos de um ano das próximas eleições autárquicas, os setubalenses e os azeitonenses têm de saber quem é Maria das Dores e o que ela andou a fazer com o dinheiro dos impostos que pagam. Eu sei que muitos, que vivem das negociatas com a autarquia até esfregam as mãos para a ter novamente como Presidente de Câmara, mas esses não são a maioria e a vontade da minoria não pode prevalecer sobre a maioria.
É preciso limpar Setúbal!