O balanço da Segunda Grande Guerra

O balanço da Segunda Grande Guerra

O balanço da Segunda Grande Guerra

15 Julho 2022, Sexta-feira
Francisco Cantanhede

A Segunda Guerra Mundial provocou mais de 50 milhões de mortos, muitos ex-combatentes ficaram mutilados, outros sofreram de neuroses de guerra, elevado número de crianças ficou órfã. Os países onde se desenvolveu o conflito ficaram devastados: cidades destruídas, estradas e caminhos-de-ferro inutilizados, indústria e campos arrasados. Em algumas regiões a fome e as doenças prolongaram o sofrimento das populações locais e de milhões de refugiados. O mundo saído da guerra ficou dividido em dois grandes blocos: capitalismo e socialismo, liderados, respetivamente, pelos Estados Unidos da América e pela União Soviética.

Ainda durante a guerra, as grandes potências estabeleceram alguns acordos. O primeiro resultou da conferência de Teerão, no Irão, que teve lugar em novembro de 1943. Lá reuniram Estaline, Winston Churchill e Franklin Roosevelt. Combinou-se que as forças anglo-americanas interviriam a partir de França, enquanto o exército soviético atacaria do Oriente, de modo a cercarem a Alemanha. Estabeleceram ainda as fronteiras da Polónia, após o fim da guerra, e foi abordada a divisão da Alemanha. Os Estados Unidos e a Inglaterra reconheceram a anexação da Estónia, da Letónia e da Lituânia e parte do leste da Polónia pela União Soviética.

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Em fevereiro de 1945, realizou-se a conferência de Ialta, na Crimeia, União Soviética. Os três líderes referidos anteriormente discutiram a criação da Organização das Nações Unidas, definiram a partilha do mundo, ficando a Europa oriental sob domínio da União Soviética. Na Ásia, o Japão perderia todos os territórios conquistados e a Coreia seria dividida em duas áreas de influência: uma controlada pelos Estados Unidos, outra pela União Soviética.

Em agosto de 1945, teve lugar a conferência de Potsdam. Estiveram presentes Estaline, Harry Truman, que sucedeu a Roosevelt, falecido, e Clement Attlee, sucessor de Churchill- vencedor da guerra e derrotado nas eleições. Ficou decidido que a Alemanha seria dividida em quatro zonas: uma ocupada pelos Estados Unidos, outra pela União Soviética e as restantes pela Inglaterra e pela França. A cidade de Berlim, capital da Alemanha, embora se localizasse na zona soviética, também seria dividida em quatro zonas. Ficou ainda estabelecida a desmilitarização e a desnazificação da Alemanha, criando-se o Tribunal de Nuremberga que julgaria os mais importantes líderes nazis. Foram julgados 24, pois outros preferiram o suicídio. Doze seriam condenados à morte e três a prisão perpétua, os restantes foram condenados a 10 ou 20 anos de prisão. Foi também decidido abolir os grandes grupos económicos que tinham subsidiado os nazis. A cidade alemã de Dantzig, atual Gdansk, passaria a pertencer à Polónia. No Japão também foi criado um tribunal semelhante ao de Nuremberga. Dos 28 julgados, sete foram condenados à morte.

Assim, com o fim do conflito mais mortífero até ao presente, surgiu uma nova ordem mundial, bipolar, em que predominaram duas grandes potências: os Estados Unidos e a União Soviética, passando as relações internacionais a estar subjugadas aos interesses destas duas superpotências. Este mundo bipolar – capitalista e socialista – chegou ao fim com o desmoronamento da União Soviética, em 1991. Na atualidade, parece haver quem deseje voltar ao mundo bipolar, não hesitando em violar a soberania territorial de países vizinhos, provocar mortes e mutilações, violações de mulheres, de adolescentes e até de bebés, a orfandade de crianças, a fome, a destruição de cidades, de vias de comunicação, o desespero de pais que são obrigados a ir para a guerra abandonando os seus filhos, milhões de refugiados e desalojados. Será que os responsáveis por estas atrocidades, algum dia serão levados a um novo tribunal de Nuremberga, ou, cobardemente, preferirão o suicídio?

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