À hora a que escrevo este artigo, em alternativa a outro que já tinha preparado, faço-o em cima dos acontecimentos do dia – a demissão do primeiro-ministro António Costa, a constituição, como arguidos, de um atual ministro do seu Governo (num processo que visa outro atual ministro e um ex-ministro) e do presidente da APA, a detenção e constituição, como arguidos, do seu chefe de gabinete, de um seu amigo pessoal e padrinho de casamento (sempre presente nos polémicos negócios do PS como os helicópteros Kamov, a TAP ou agora a energia), do presidente da câmara de Sines (socialista) e de mais outras duas pessoas.
Os acontecimentos são recentes e é ainda uma incógnita o futuro de Portugal no curto prazo. Se iremos ter um Governo liderado por Fernando Medina, Ana Catarina Mendes ou Mariana Vieira da Silva, suportado pela maioria absoluta do PS, ou se serão marcadas eleições antecipadas após a dissolução da Assembleia da República.
Não escondo a minha opção: eleições. Por vários motivos, mas principalmente por aquilo que defendo para o país e que tantas vezes aqui escrevi. Portugal precisa de uma clarificação e os portugueses devem poder pronunciar-se. Se preferem uma solução mais estatista, assente na corrupção e nepotismo do PS, com a eventual cumplicidade dos partidos à sua esquerda que rejeitam a União Europeia, a NATO e que, com maior ou menor convicção, apoiam tiranos como Putin, Maduro ou Castro, ou se preferem uma solução que rejeita qualquer tipo de populismo, que devolve a iniciativa às pessoas, que lhes reduz os impostos ou que lhes permite escolher a escola dos filhos ou o hospital onde querem ser tratadas.
Ao fim de 8 anos, a primeira solução, mesmo que com diferentes atores, está gasta. O país está a voltar a apresentar indicadores que nos remetem para a estagnação económica e qualquer serviço público (como a saúde, a educação, os transportes ou a imigração) não está a funcionar melhor do que quando o PS chegou ao poder. Na saúde ou nos transportes, o distrito de Setúbal é um bom exemplo. Em Almada, a urgência pediátrica do hospital Garcia de Orta voltou a encerrar. Temos as maternidades dos vários hospitais em rotatividade, que é como quem diz, encerradas à vez. Pelo menos, o hospital de proximidade do Seixal está na mesma, ou seja, por construir ao fim de 8 anos de governação socialista – apesar de, há 8 anos, estar previsto no Orçamento do Estado. Sobre os transportes, alguém que use o transporte fluvial para chegar a Lisboa pode, com honestidade, dizer que o serviço melhorou? Não. As avarias constantes, os atrasos, as supressões, tudo, além da qualidade dos próprios barcos, contribuiu para uma evidente degradação do serviço.
Se fosse (apenas) pelo “estado a que chegámos”, para citar Salgueiro Maia, a segunda solução que referi bastaria para defender a realização de eleições antecipadas. Porém, o que desejo, mesmo, é que possamos voltar a acreditar num futuro para os nossos filhos, no nosso país se assim o quisermos, em liberdade, e com prosperidade. Desejo uma sociedade que defende o mérito, a propriedade privada e a livre iniciativa, e a oportunidade de qualquer pessoa, independentemente da sua origem, poder ascender económica e socialmente. E isto só será possível se, num cenário de eleições antecipadas, rejeitarmos os extremismos e escolhermos a liberdade.