Os estudos sobre os aeroportos têm vindo a ser realizados e discutidos há décadas sem qualquer decisão, o que nos levou a um beco sem saída. O atual Aeroporto da Portela está esgotado.
O Montijo é só uma aspirina para suavizar as dores ou é como partir uma parede entre os únicos dois quartos da casa de uma família com 5 filhos, para ganhar temporariamente um pouco de espaço, porque nunca mais resolve comprar uma casa com mais assoalhadas. É melhor, poupa em tempo de crise, mas não resolve o problema no longo prazo.
Não tenho dúvidas que agora não há nada melhor a fazer, é avançar com toda a força para a solução rápida Portela + Montijo, ou rebentamos pelas costuras. E é pouco sério, em termos políticos e económicos, surgirem agora alguns a pedir mais estudos e mais tempo, quando Portugal não tem mais tempo, está entre a espada e a parede. O Montijo tem de avançar já e a todo o custo. É o custo de Portugal não decidir a tempo e não fazer acordos políticos de longo prazo nos transportes. Aos enfermos deve dar-se pelo menos uma aspirina e não negar um copo de água.
E a Portela está enferma, prejudicando o turismo, os negócios, a economia, a riqueza e a mobilidade internacional dos portugueses. Precisa urgentemente desta aspirina que é a solução Portela + Montijo. Com cerca de mil milhões de euros de investimento, pelo menos a capacidade sobe de 27 para 50 milhões de passageiros e o número máximo de movimentos por hora de 40 para 72 (Lopes, 2019). Sempre é ligeiramente melhor que colocar mais dinheiro no Novo Banco.
A questão é que a procura tem vindo a subir anualmente a mais de 5% desde 1970 (ver quadro abaixo) e sobe a 5% ao ano no mundo e nos principais aeroportos europeus, onde se inclui a Portela. E a Portela em 2018 chegou acima dos 29 milhões de passageiros. Só que 29×1,0512=50. Ou seja, se o tráfego desacelerar e passar a aumentar apenas 5% ao ano, como no resto do mundo, em 2031 a solução Portela + Montijo está esgotada e estaremos no mesmo beco sem saída outra vez e a concessionária dos aeroportos terá ainda mais 30 anos de concessão sem qualquer obrigação de construir mais aeroportos ou ampliar estes. Andaremos de beco em beco sem saída. É empurrar o problema para as gerações futuras. Mesmo com ampliações, não irá além de 2035/40, uma vez que o Montijo tem dificuldades de ampliação muito mais além da capacidade que terá de início. 2040 é já ali em termos de infraestruturas.
Os nossos filhos e os turistas terão de passar a habituar-se a ir de comboio para o aeroporto de Madrid e a economia portuguesa perderá milhões e ficará para trás mais uma vez na Europa e na Península Ibérica. A Solução passará por olhar para o longo prazo e começar já a preparar a solução após 2031/2040, que será Alcochete. Estas coisas demoram 10 a 15 anos a preparar.