O sismo na Turquia e na Síria avivou em todos nós a consciência do quanto a vida pode ser, por vezes, frágil. Temos assistido às inúmeras histórias de sofrimento que nos amarguram por um lado, mas também nos inspiram por outro, pela coragem. Entre as alterações climáticas e suas consequências, a pandemia, a guerra e demais catástrofes, não têm faltado exemplos de histórias de sobrevivência tremendas.
A maior homenagem que podemos prestar às vítimas é, obviamente, prestar solidariedade aos que sobreviveram. Mas não só. Refletir, aprender e otimizar processos em várias áreas também é um tributo. Uma delas é o papel do estado. Todos sabemos que é na calamidade que mais nos lembramos do estado. Os fogos florestais que enfrentámos em Portugal como consequência da intensificação das alterações climáticas e a emergência de saúde pública com que nos debatemos são um exemplo, entre outros, disso mesmo. Com todos estes fenómenos o Partido Socialista, no Governo, aprendeu, adaptou, agilizou, e lutou por um Portugal solidário e cada vez mais resiliente nas crises e fora delas.
Quanto a mim, uma das primeiras conclusões a tirar desta reflexão é a de que o estado tem de ser titular de mudança. Sempre em diálogo com todos, foi delineado um plano de reconversão para Portugal. As agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência estão já em movimento. Materializam o nosso inconformismo, com projetos que vão alterar o perfil da economia portuguesa e multiplicar o nosso PIB.
Outra conclusão importante é a de que o estado tem de ser titular de solidariedade. Não só da solidariedade em crise ou emergência, mas da solidariedade estratégica para a transição para melhor. Na semana passada, o Governo aprovou o pacote “Mais Habitação”. É um conjunto de medidas que procuram responder de forma completa a todas as dimensões do problema da habitação. Em 2016, o lançamento de uma nova geração de políticas de habitação permitiu a elaboração de uma estratégia nacional e a aprovação de uma lei de bases. Propomo-nos agora expandir o apoio às famílias, aumentar a oferta para habitação e combater a especulação.
O estado tem de ser também difusor de tolerância. São compreensíveis as recentes afirmações do PSD e seu afluente sobre política de imigração? Claramente, não são. De tal modo que, por vezes, já nem se percebe quem é o afluente de quem. Temos é de fazer tudo para evitar que a situação de agressão a um imigrante em Olhão se repita.
Em todo este processo de mudança e de solidariedade é indispensável a sociedade civil. Impõe-se a recusa do conformismo, do não cooperarmos uns com os outros e a perceção de que mudar o país é um desafio de todos.
O Partido Socialista governou na austeridade, na crise e na emergência. Queremos continuar a fazê-lo pelas políticas públicas que minoram as iniquidades. Além da polémica do casinho, do calculismo eleitoral e com a humildade que o erro – faz parte da vida – também traz. Cá continuaremos.