No museu de Arqueologia e Etnografia do distrito de Setúbal está patente uma belíssima exposição de fotografia de Renato Monteiro, que dá a conhecer as tradicionais festas da Troia, na Caldeira, devoção dos marítimos. Principalmente os da zona das Fontaínhas e do bairro Santos Nicolau, que ainda hoje mantêm as célebres festas, que duram 3 dias: sábado, domingo e segunda-feira, e a procissão que regressa a Setúbal, por barco, com percurso pelo sanatório do Outão, e pelas praias com encontro no cais junto à nossa senhora do cais.
Na Caldeira (Troia) tenho uma história passada há cerca de sessenta e tal anos. Na Troia havia um bloco de casas que eram da Tia Elvira, que ela alugava para férias, entre elas a colónia de férias dos filhos da guarda republicana. Eu e um grupo de amigos alugámos uma delas, alguns anos, onde passávamos férias.
Houve um ano que fizemos nas traseiras de um desses blocos uma festa inédita e para ornamentar o terreno do recinto arrancámos alguns pequenos pinheiros, o que foi um crime tal que fomos presos e escoltados pelos guardas florestais para o palácio da Caldeira, e o feitor Sr. Narciso ainda nos multou com cerca de 400 escudos.
A receita da festa destinámos para as Florinhas da Rua (instituição de caridade), na avenida 5 de Outubro em Setúbal e assim a receita foi para pagar a multa. Mas conseguimos que ela fosse perdoada e a verba da festa foi para essa instituição de caridade. A noite estava maravilhosa e a festa foi êxito, com música, baile e concertinas: José Azoia, Custódio Oliveira, Parente, Solho, Rogério Gonçalves e Eduardo Soveral Rodrigues, com aparelhagem de Henri Delpeut.
De tal maneira foi a festa, que muitos barcos, entre eles “Os comilões e os 7 amigos”, vieram à Troia assistir a esta espetacular festa.
E esta foi mais uma das muitas histórias da minha vida, a prisão no palácio da Caldeira e depois a memorável festa que realizámos numa das casas da tia Elvira e reviver este passado é viver.
Viva Setúbal