Destacamos o artigo de opinião de Adelino Soares (Vice-presidente, 2025) publicado recentemente no jornal ‘A Voz de Ermesinde’.
Num colóquio direcionado às entidades da Economia Social, que versava o tema “Vamos Cozinhar Transparências – Um roteiro pela Prestação de Contas Transparentes na Economia Social”, um dos preletores, convidado para refletir sobre tema tão sugestivo, com toda a naturalidade, procurando classificar as entidades desta Economia Social, e citando-as todas de passagem, disse: “Temos ainda a Confederação Portuguesa das Coletividades, a entidade mais forte do setor, mas menos importante”.
Tal e qual.
Dito assim, e tendo em conta os objetivos do colóquio – que eram os de evidenciar e discutir, de forma descontraída, conceitos importantes e promover a troca de experiencias na aplicação da prestação de contas transparentes na família da Economia Social – evidenciou-se a existência de princípios e diferenças qualitativas entre a força e a importância dos seus membros.
Princípios esses que têm sido uma das matérias que mais atenção têm merecido por parte da Confederação Portuguesa das Coletividades, na relação com o tecido associativo, em todas as ações de capacitação, contribuindo com tal atitude para que sejamos considerados e respeitados como uma importante entidade da Economia Social, tratada em patamares de igual importância com todas as outras entidades na mesma.
Nem mais, nem menos.
Andamos na procura contínua de bem representar o movimento associativo popular, a par da melhoria da nossa capacidade organizativa.
E temos consciência das nossas debilidades. Socorrendo-nos da nossa utilização permanente da análise SWOT, os fatos, quanto aos nossos Pontos Fortes, evidenciam que somos a “maior rede social”, que exercemos um “trabalho de proximidade” e que somos, e eremos sempre, “resilientes”. Quanto aos Pontos Fracos, evidenciamos, sim, uma “fraca interligação e comunicação” e demostramos um grau de “conservadorismo” muito próprio de um movimento que nasce das vontades do povo – e preocupante desde a criação associativa – onde muito é feito com “poucos recursos técnicos”.
A realidade é o que é, escolhendo-se, para o caso, dois pontos fundamentais:
O primeiro, o forte trabalho criado pelas nossas coletividades a nível nacional, envolvendo, entre associados, dirigentes e populações que usufrutuem das suas atividades, cerca de 3 milhões de cidadãos.
O segundo, e embora movimentando valores em euros, não ganhando nada com o exercício de tais responsabilidades diretivas – porque somos benévolos – ainda aplicamos os lucros obtidos na melhoria e manutenção das instalações associativas, entre muitos outros casos.
E, mesmo assim, somos o parente mais pobre de toda a Economia Social. Daí, os menos importantes. E porque menos apoiado.
Se a avaliação real e a valorização justa da existência das coletividades e da sua oferta de diversos conteúdos sociais fossem possíveis de quantificar verdadeiramente, a definição de “menos importante” seria, ou é, claramente invertida.
Assim, fica a ideia do desconhecimento de uns e da intenção de desvalorização de outros.
Objetivos de responsabilidade coletiva, será fundamental que sejam dadas respostas por todas as coletividades, filiadas ou não na Confederação, defendendo-se que só unidas, trocando experiências e trabalhando processos de melhoria a vários níveis, estudando soluções e medidas em nossa defesa, se conseguirá melhorar essa imagem.
Indicamos desde já algumas sugestões de trabalho, que passam pela responsabilização dos dirigentes envolvidos, pela atribuição de tarefas e responsabilidades normais, no quadro das definições do funcionamento interno, de modo a melhorar em permanência o trabalho de capacitação dos dirigentes associativos nos órgãos sociais de cada coletividade.
Defenderemos, com naturalidade, como sempre, a regular prestação de contas das atividades existentes na coletividade, com total transparência, de forma a que os compromissos assumidos sejam avaliados positivamente quanto ao que foi ou não executado pela respetiva direção e por todos os outros organismos, em seções, valências ou grupos de trabalho, caso existam, e definidos nos planos de atividades de cada ano.
Os construtores associativos, organizadamente, há 101 anos, sabiam o caminho, mesmo muito antes, séculos atrás, já acontecia o ato de associar, não sendo fácil, um dia seria dada importância à força do projeto associativo.