Há um país cuja capital tem um aeroporto no centro. Ao aterrar, os aviões passam por cima de hospitais, escolas e prédios de habitação a escassos 100 ou 150 metros de altura. Enquanto isto, qual grupo de adolescentes no intervalo das aulas, discute-se a localização de um novo aeroporto que tão pouco vai acabar com este absurdo. Montijo, Alcochete, ou o que seja é incomensuravelmente melhor do que a Portela.
Só mesmo num país e num tempo de loucos, em que tudo parece magia, se acena com avaliação de impacto ambiental (AIA) como tempero para as posições dos vários lados da mesa. Esta fantochada a que chamam AIA só interessa mesmo para a aldrabice.
A quem trabalha como deve, a AIA só atrapalha – é assim há décadas e quem duvida só tem de abrir um jornal, num qualquer dia, e tem a prova –, para o presente caso do novo aeroporto de Lisboa é areia fina para os olhos. Rui Garcia, o autarca da Moita, que muito estimo, “subiu a fasquia” para a avaliação ambiental estratégica, que é mais do mesmo. Façam um sorteio, como o Ministério Público faz com os juízes, e já está. Tenham dó de quem tem uma carga fiscal insuportável e ocupem o tempo em qualquer coisa que crie riqueza.
Tancos é impensável, inenarrável e inaceitável. Levou o Presidente da República a afirmar: “se pensam que me calam, não me calam” (jornal Público). Será que sou o único a considerar isto gravíssimo? Quem quer calar Marcelo e porquê? Que democracia? Que governo? O que mais vai acontecer? Onde estamos e para onde vamos?
BPN, 10 anos e 6 mil milhões de euros depois: “ninguém quer saber o que se passa” (Mariana Mortágua no JN). Esta senhora é economista, deputada e pertence a um partido que apoia o governo e o orçamento de Estado. O que faz esta senhora no parlamento? Ela própria não quer saber o que se passa? A quem se refere? Em quem confiamos?