A situação do país, o quadro político, económico e social, tem a marca insuportável da falta de resposta do Governo aos problemas das pessoas, que se agravam dia após dia.
As situações em que o Governo tem estado envolvido nos últimos meses, e que já conduziu a uma sucessão de demissões, são o resultado de uma política contrária aos interesses dos trabalhadores, do povo e do País e da promiscuidade entre o poder político e o poder económico.
Dizem tudo e o seu contrário para não tocar nos interesses do poder económico. Há quase um ano, o Primeiro-Ministro afirmava que a inflação era “conjuntural e transitória”, quando estava à vista de todos que a realidade era bem diferente. Não foi preciso muito tempo para vir emendar a mão reconhecendo que a inflação seria duradoura.
O Primeiro-Ministro dizia que aumentar os salários conduziria a uma espiral inflacionista. Um ano depois já veio dizer que só através do aumento dos salários é possível combater a inflação. No início deste ano, lá vinha o Ministro das Finanças com a mesma conversa, referindo que a política salarial do Governo era a adequada para assegurar o poder de compra em 2023, recusando assim um novo aumento de salários. Não foi preciso muito tempo (dois meses) e o Governo viu-se obrigado, com a luta dos trabalhadores, a anunciar a atualização em 1% nos salários da Administração Pública, claramente muito aquém do que é necessário e possível.
As desigualdades e injustiças agravam-se: a desvalorização real dos salários e das pensões contrasta com os lucros milionários das grandes empresas. Os lucros líquidos de 24 dos principais grupos económicos em Portugal cresceram 45%, e atingiram 7,6 mil milhões de euros!
Faltam respostas do Governo, mas propaganda não falta. O Governo finalmente tem o que queria: livrou-se do que diziam ser os “empecilhos”, mas com essas condições de governação em maioria absoluta de que dispõe, não está a resolver os problemas que afetam o povo. Porquê? Porque não quer! Na verdade, a maioria absoluta do PS tem servido sobretudo para atacar direitos e favorecer os interesses dos grupos económicos.
Há que afirmar a nossa soberania e desenvolvimento – o nosso direito a um futuro melhor! Está à vista a necessidade de uma política alternativa, que rompa com este caminho e com a política de direita (seja qual for o seu protagonista).
É isso que se torna cada vez mais urgente e indispensável – valorizar o trabalho e os trabalhadores, aumentar salários e pensões, impedir a especulação e o aproveitamento dos grupos económicos, assumir o controlo público de empresas estratégicas, apostar na produção nacional, reforçar os serviços públicos e garantir o direito à saúde, à educação, à habitação, à cultura, à justiça. É disso que falamos quando falamos de uma política alternativa, patriótica e de esquerda!17