Uma das minhas heranças culturais (para além da naturalmente portuguesa), é a herança italiana que me foi legada por meu Pai.
Desde tenra idade que me habituei a ouvi-lo dissertar sobre personalidades históricas italianas: Augusto, Júlio César, Trajano, Michelangelo, Raffaello, Giuseppe Garibaldi, Conde de Cavour, Dante Alighieri, Maria Montessori, Giovanni Guareschi, Giacomo Puccini, Giuseppe Verdi, Bernardo Bertolucci, Michelangelo Antonioni, etc, etc.
A nossa casa de Setúbal estava repleta dos seus livros, que lia e me mostrava folheando, as inúmeras referências neles contidas. Aprendi o gosto pela leitura também através dos livros italianos.
Uma das personalidades que mais apreciava era precisamente Leonardo da Vinci. Meu Pai chamava-lhe “Genio della Modernità”.
Há 500 anos atrás, a 2 de Maio de 1519, morria Leonardo da Vinci, um dos principais vultos da Renascença e da Humanidade.
Leonardo interessou-se por temas tão aparentemente diversos, tais como pintura, escultura, Anatomia, Geologia, Hidráulica, Arquitectura, Matemática, Física, Aerodinâmica, etc.
No século XV, Leonardo encontrava-se num local extremamente favorável ao desenvolvimento das suas inegáveis capacidades intelectuais: Florença.
Florença era uma cidade moderna, cosmopolita, dotada de invulgar actividade comercial e artística. Aí dominava a poderosa família de banqueiros Medici.
Pintor de excelência, utilizando materiais e técnicas inovadoras, Leonardo pontou centenas de quadros, sendo um dos mais conhecidos “A Última Ceia”.
Em 1495, Leonardo recebeu a incumbência de pintar um mural de nove metros de largura no refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, representando “A Última Ceia”.
Em vez de utilizar os métodos tradicionais de pintura que implicava um trabalho rápido e sem possibilidade de correcções adicionais, Leonardo decidiu usar materiais e técnicas inovadoras, de sua autoria, mais de acordo com a sua personalidade, propensa a maduras reflexões e sucessivas mudanças de ideias.
Outra das suas obras emblemáticas, talvez a mais famosa da história da pintura: o retrato de Lisa del Giocondo, esposa do comerciante de seda Francesco del Giocondo. O retrato, usualmente conhecido como “Mona Lisa ou “La Gioconda”, faz parte da colecção do Louvre, pairando a incerteza sobre a data em que foi executada.
Os seus inúmeros apontamentos mantiveram-se quase sempre soltos e dispersos.
Muitos consideram Leonardo o “Pai da Anatomia”. Durante a noite, percorria os cemitérios à procura de cadáveres para dissecar. De acordo com a médica cardiologista Ana Gomes de Almeida, esta comparou um desenho da circulação do sangue pela artéria aorta realizado por Leonardo, com as imagens obtidas hoje através de uma ultrassonografia. O desenho é perfeitamente igual à imagem.
Um pequeno detalhe final sobre Leonardo da Vinci, deve-se ao facto dos estudiosos dos seus escritos, já no seculo XX, aperceberam-se que, em muitas folhas, a deposição de tinta era perfeitamente regular, e não com variações naturais na sua quantidade, decorrente da escrita ser efectuada com pena de pássaro aparada, necessitando, para esse efeito, de molhá-la regularmente no tinteiro.
Num dos seus escritos encontrava-se um desenho de uma caneta, que se destapava e enchia por cima.
A partir desse desenho, foi elaborada uma caneta, que funciona perfeitamente, cerca de 500 anos antes da invenção da caneta de tinta permanente.
Um pequeno objecto que atesta a genialidade de Leonardo da Vinci.