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Julho, mês de sardinhas

Julho, mês de sardinhas

Julho, mês de sardinhas

, Professor
29 Julho 2019, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor
Giovanni Licciardello – Professor

 

Gosto muito do mês de Julho. Embora ainda não esteja de férias, já cheira a férias. O cheiro inebriante a peixe grelhado invade a cidade e também os nossos sentidos.

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Em termos gastronómicos, sou um homem de gostos simples. Sou um particular apreciador de peixe, ou não fosse eu um setubalense.

Exceptuando a faneca frita, da qual não sou grande apreciador, relativamente a peixe, marcha tudo. Massacotes, carapaus, besugos, salmonetes, pargo, sarda escalada, são também dos meus peixes preferenciais

Mas não só. Choque frrite, polvos, lulas, marisco, marcha tudo também.

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Contudo, um dos meus pratos favoritos é a boa sarrdinha cá da nossa terra, a pingarr, com uma fatia de pão alentejano por baixo, uma bela salada de tomate, alface, pimentos, cebola e orégãos, bem temperada, tudo regado com um bom vinho cá da região.

Deem-me isso e sou um homem quase satisfeito.

Remata-se a refeição com um pudim caseiro, um bom café e um copito de moscatel.

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E aí, meus amigos, a felicidade é completa.

Voltemos à sardinha. Quando era garoto e os meus colegas e amigos da minha idade torciam o nariz na presença de sardinhas, eu sempre gostei muito. Meus pais eram uns apreciadores e transmitiram-me desde muito cedo, essa preferência gastronómica.

O nome “sardinha” deriva da ilha Sardenha, onde, um dia, já foram abundantes.

As sardinhas são peixes de pequenas dimensões (10–15 cm de comprimento), caracterizam-se por possuírem apenas uma barbatana dorsal, barbatana caudal bifurcada,  boca sem dentes e maxila curta, com as escamas ventrais em forma de escudo.

São peixes pelágicos ( não se encontram nem perto do fundo, nem perto da costa) que formam, frequentemente, grandes cardumes e que alimentam importantes pescarias.

Apresentam um importante lípido, o Ómega 3, que se julga ser um “protector” do coração. As sardinhas alimentam-se de plâncton.

Em 2017, a sardinha, com 62.000 toneladas, representou cerca de 45 por cento dos desembarques em peso efectuados em lotas nacionais.

Os desembarques somados da sardinha, cavala e carapau representam quase 65 por cento da pesca total descarregada em portos nacionais.

Contudo, nesse mesmo ano, a população de sardinha atingiu níveis preocupantes e o Conselho Internacional para a Exploração do Mar considera que seriam necessários, pelo menos, 15 anos de suspensão total da pesca para repor o stock em níveis aceitáveis.

A sardinha capturada na costa Portuguesa é a única espécie de peixe em toda a Península Ibérica a obter a certificação de qualidade, como resposta às preocupações sobre a sustentabilidade dos recursos. O certificado de pescado é ambientalmente certificado e assim, a sardinha Portuguesa é pescada legalmente por quase meia centena de embarcações em todo país.

 

Esta certificação constitui uma mais-valia para toda a pesca e em particular para a indústria conserveira, que exporta quase 50% da sua produção. As normas internacionais caminham para a certificação de todo o pescado, sendo a etiquetagem ecológica uma estratégia de mercado importante. A sardinha é pescada pela frota do cerco, uma arte amiga do ambiente, por não ser agressiva para outras espécies. Esta certificação constitui uma forma eficaz de procurar obter a sua sustentabilidade, deixando de pensar na sua sobrevivência e passar a pensar e planear a sua actividade, com base na durabilidade do recurso.

Procurar equilibrar as pescas de sardinha com a sua sustentabilidade ambiental é um desafio possível e exequível.

Para que possamos continuar a degustar este peixe insubstituível.

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