Donald Trump entrou e rompeu pela primeira vez as barreiras da casa branca em 2016, aquando pelas pingas da chuva, sendo ele um candidato e vencedor improvável, venceu as eleições superando Hillary Clinton, uma candidata democrata, já com um grande historial político. Tendo sido secretária de Estado dos USA, senadora por Nova Iorque, primeira-dama e candidata pelo partido democrata à presidência na eleição de 2016. Popularidade era um forte, não obstante não foi o suficiente para derrubar um populista do partido republicano que emergia e dava voz a todos os desinformados, “indoctus”, “uma vez que quem não sabe é como quem não vê”.
Em 2016 mais de 136 milhões de cidadãos dos USA participaram e votaram nas eleições de 8 de novembro de 2016. As sondagens emanavam com uma grande certeza que Hillary Clinton iria vencer as eleições com uma margem esmagadora. Ulteriormente, verificou-se o oposto, isto é, Hillary acaba por perder o voto popular nos chamados “swings states” para Donald Trump. Michagan, um Estado que por norma tem a maioria dos votos inclinados para o partido democrata, acabou por dar a maioria dos seus eleitores aos republicanos.
Atualmente, Joe Biden já possui mais votos totais do que Hillary Clinton em 2016, em que o candidato democrata se aproxima dos 270 votos necessários para a vitória. Será que irá vencer e Donald Trump conformar-se-á com a derrota? Honestamente na minha opinião, não. Como podemos todos observar ontem, Donald Trump faz uma declaração perante todos os americanos, em que afirma imperativamente que venceu as eleições e exige a paragem da contagem dos votos, em que ainda acrescenta que irá recorrer ao Supremo Tribunal.
Joe Biden, pelo contrário nas suas declarações não se autoproclamou “rei”, mas sim confessou que poderia estar próxima uma vitória, sem prejuízo de que exclusivamente no fim da contagem é que se saberá quem será o vencedor ou quando um dos candidatos chegue à margem dos 270. Nesta pequena amostra de declarações podemos claramente observar que temos dois candidatos totalmente díspares entre si.
Donald Trump por um lado é o candidato republicano populista, punitivo e autoritário, o que chama a atenção e atraí as chamadas “authoritarian people” para o seu círculo eleitoral. Estas pessoas procuram um líder forte, isto é autoritário, que procure a ordem, a autoridade dentro do seu país, bem como germina o apoio à desconfiança dos outsiders e é igualmente cauteloso para com as mudanças sociais reiteradas que correm nas veias de qualquer Estado de Direito. O comportamento de Donald Trump é muitas vezes infantilizado, sendo apenas uma estratégia de tornar o seu discurso mais apelativo para o grupo dos “autoritários”, sendo eles a sua grande margem e trunfo de eleitores.
As políticas mais apoiadas pelos eleitores de Donald Trump são a força em vez do que diplomacia, vigilância serrada nos aeroportos e nas mesquitas como propôs. Ainda engendrou que fossem escrutinados à lupa os aeroportos para localizar pessoas que descendessem do designado, “Midwestern” USA. O grupo de “authoritarian people”, inicialmente encontravam-se dentro da esfera dos democratas, não obstante houve um grande shift neste ecossistema, tendo esta coletividade emigrado para os republicanos. Muito desta mudança começou por acontecer quando os republicanos foram contra o aborto, o casamento entre pessoas homossexuais, contra a integração racial, contra os direitos iguais das mulheres para com os homens, tendo sido intitulada como, “woman ememendt equal rigths “.
Foi pulverizado e polarizado uma lacuna política, um refúgio para aqueles mais conservadores, mais liberais, mais punitivos e autoritários e Donald Trump tomou posse de todos estes elementos, tornando-se no líder anti-sistema daquela altura, 2016 quando concorreu pela primeira vez à presidência dos USA.
Paralelamente, Joe Biden representa exatamente o oposto de Donald Trump. Sendo que este simboliza a democracia, moderação, tolerância e atualmente, os eleitores inicialmente de Trump fizeram o Shift, na minha opinião devido ao facto de um conjunto de comportamentos deploráveis, anti-democrata e que iam progressivamente e paulatinamente inflamando um Estado de Direito democrático e social, designadamente “o muro de Trump” que visava reduzir a emigração do sul, acabando por levar à morte milhares de pessoas que ficaram pelo caminho.
Pretendia impedir a imigração ilegal de cruzar a fronteira para o norte, conduzindo milhares de mexicanos à morte.
Esta não poderia ser uma solução! E com isto cito o paradoxo da tolerância de Karl Popper, “A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles”
As pessoas que inicialmente votaram em Donald Trump foram acordando e vendo realmente o calibre e o tipo de pessoa que tinham eleito. Um indivíduo que galvaniza o medo, a opressão e descredibiliza totalmente a pandemia que presentemente enfrentamos e vivemos.
Existiu uma grande afluência nas urnas, e a contagem dos votos tem-se perlongado devido em parte aos votos por correspondência, e face ao grande número de eleitores este ano. É permitida a contagem posterior, e Donald Trump implanta e constroí uma narrativa que serve o propósito de instalar a dúvida, a incerteza e a confusão, ao afirmar que iria ao Supremo Tribunal exigir que se parasse a contagem dos votos. Esta atitude só demonstra o receio que este tem em sair do poder e perder, não obstante, não valem todos os meios para atingir qualquer fim arquitetado, há limites!
Uma das zonas ainda em disputa é a Pensilvânia, tendo sido este um Estado que definiu as eleições em 2016.
As sondagens erraram novamente ao darem uma grande margem de vitória a Joe Biden, tendo sido surpreendidas de novo pelo fenómeno “Trump”, falhando nas previsões. Os partidos irão posteriormente ao término das eleições, realizar a autópsia, por forma a conceber todas as falhas cometidas durante a pré-campanha, campanha e pós campanha. Desta forma, poderão desenhar um draft de melhoria e “improvement” para as próximas eleições.
Não deitemos já os foguetes antes da festa, porém uma vitória para Joe Biden aproxima-se, tornando-se mais certa e acurada. Esperemos para ver quem será o “chosen one” para ecoar a voz do povo americano durante os próximos quatro anos. Para já, ainda paira no ar a grande interrogação e retórica, “Quem será o próximo presidente dos USA?”
A América encontra-se dividida! Daí o mar de incertezas ainda assombrar o coração de muitos americanos, não obstante será certamente efémera a dúvida!